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Projeto de combate à fome já distribuiu 72 mil marmitas na zona oeste de SP

Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, no Recife

27/04/2022 06h00

Vanessa de Almeida, fundadora do projeto Periferia Sem Fome, percebeu a dimensão da insegurança alimentar no bairro onde reside quando uma pessoa próxima confidenciou que estava passando necessidade.

Segundo ela, ver um colega com uma vida financeira consideravelmente estável pedir ajuda, a fez pensar sobre como pessoas sem recursos se alimentavam durante a pandemia da covid-19, que ampliou muito a situação de fome no país. Daquela reflexão, nasceu um esforço que já distribuiu 72 mil marmitas em Jardim Boa Vista, zona oeste de São Paulo.

De acordo com a Vanessa, semanalmente são produzidas e doadas 500 quentinhas a moradores de rua. O trabalho ocorre desde 2020 e também distribui cestas básicas, a depender da quantidade de doações.

A Ecoa, Vanessa contou que sempre teve muitos amigos e que, certa vez, um desses amigos pediu sua ajuda e lhe disse que estava em uma situação delicada. "Fiquei chocada, pois essa pessoa sempre teve uma condição razoável. Aquilo me tocou. Se essa pessoa estava assim, imagina os mais carentes", refletiu.

A partir desse fato, ela conta que sentiu sentiu que poderia fazer algo a respeito. "Comecei nos grupos do WhatsApp perguntando para os meus amigos quem poderia me ajudar, vários deles toparam. Fui conversar com o presidente da sede do bairro, e ele emprestou o salão e falou que eu poderia fazer a minha ação ali até o término da pandemia. Então começamos as arrecadações", conta.

Cardápio simples e nutritivo

A produção dos alimentos, explica a idealizadora, é feita de acordo com o que vai sendo arrecadado. Quando ganham legumes, já descascam e congelam, para não haver desperdício. Para conseguir ofertar as 500 quentinhas, Vanessa explica que mantém um cardápio simples, mas nutritivo.

"Sempre temos feijão, arroz, macarrão, polenta, farofa, mistura (carnes) e legumes. Toda a produção ocorre no espaço do projeto onde tem uma cozinha industrial montada, que foi adquirida com muito esforço, fazendo bazar de roupas usadas", disse.

Todas as semanas, Vanessa e quatro voluntários se reúnem para realizar o preparo das refeições. O grupo se reveza na limpeza do local e dos alimentos, no cozimento e preparação das marmitas, e na entrega. Voluntários que têm carros disponibilizam os veículos para os transportes das quentinhas.

Para além das marmitas, o Periferia Sem Fome também ajuda pessoas com cestas básicas. As doações ocorrem em resposta a demandas espontâneas. Sempre que chegam o pedido de ajuda, o projeto mobiliza seus voluntários para conseguir doações.

"Vemos várias histórias marcantes. Em uma das entregas, chegamos na casa de uma senhora e quando ela viu que estávamos levando uma cesta começou a chorar. Ajoelhou e falou que só tinha meio pacote de bolacha água e sal para comer", lembrou.

Além das doações de parceiros, o projeto elabora outras formas de arrecadação de recursos: rifa, bazar de roupas, produção de bolo de pote etc. No entanto, para Vanessa de Almeida todo esforço vale a pena se o resultado conseguir minimizar a fome de alguém.

"Meu projeto é ampliar nossa atuação para além da alimentação. Ajudar crianças e adolescentes com algumas atividades: aula de canto, aula de violão, artesanato etc. Estou buscando entendimento e recursos para essas atividades", disse.

O Periferia Sem Fome registra suas ações no perfil do Instagram do projeto. Quem desejar doar, pode entrar em contato por telefone: (11) 95889-8996 (Vanessa). Doações em dinheiro podem ser feitas por PIX (chave-CNPJ): 40857676000110.