Projeto instala lavatórios em escolas sem água do Piauí para volta às aulas

Alunos de escolas municipais do semiárido piauiense terão um incentivo a mais para voltarem às aulas este ano. E nem se trata de algo inovador: se para muitas escolas do país ter água, sabão, pia e torneira para higiene dos estudantes é uma regra, para elas será uma novidade em 2022.

Essa medida essencial para manter a higiene em meio à pandemia da covid-19 foi possível graças ao projeto 'Água, Saneamento e Higiene', desenvolvido numa parceria entre ASA (Articulação Semiárido Brasileiro) e Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência), com execução da organização Kolping Piauí.

Ao todo, 22 escolas de dois municípios foram equipadas com lavatórios móveis, que vão garantir que alunos deixem de lavar a mão com água armazenada em bacias e detergente de louça, como era feito até então.

Essa é a segunda fase do projeto, que na sua primeira edição beneficiou 13 escolas da rede municipal de ensino de Goiana (PE). Segundo Raimundo João da Silva, coordenador da Kolping do Piauí, a ação vem suprir um déficit histórico no acesso à água por estudantes nessas regiões.

"Neste momento de pandemia, a falta de água nas escolas é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos alunos da região do semiárido piauiense, que alterna ciclos de chuva e longos períodos de estiagem", diz.

Ao todo foram contempladas escolas da rede municipal dos municípios Pedro II e Lagoa de São Francisco. Os lavatórios vão atender aos 2.755 estudantes das áreas urbana e rural dessas cidades.

"Queremos garantir o direito de crianças e adolescentes à educação com ações essenciais. Essa reabertura deve ocorrer com segurança, preservando a saúde também de profissionais da educação e das famílias", completa Silva.

Além dos lavatórios, o projeto atua em outras frentes no combate à covid-19 e alcança também a pobreza menstrual. "Em cada município foi assegurado investimento não só na aquisição de lavatórios de mãos, mas de máscaras e materiais de higiene — dentre eles absorventes — para serem entregue às crianças e adolescentes", ressalta.

Chegada comemorada

Em Lagoa de São Francisco, a chegada do projeto foi comemorada. "A gente entende que o fornecimento de água potável, saneamento e condições higiênicas são essenciais para prevenir e proteger a saúde. Recebemos essa parceria com grande entusiasmo", diz Marcielle Freire, coordenadora de programas educacionais do município.

Em setembro de 2021, o Conselho Municipal de Educação decidiu, no plano de execução escolar, a volta às aulas de forma gradativa e híbrida. O retorno presencial das crianças está marcado para o dia 7 de fevereiro. Foram beneficiadas todas as 11 escolas do município, entre zonas rural e urbana, contemplando os 1.998 alunos da rede de ensino.

Para a coordenadora, a distribuição de absorventes para meninas deve ter um impacto significativo. "Foi feito um estudo que comprova: o motivo da evasão escolar de meninas que iniciam o ciclo menstrual é gritante. A pobreza menstrual é caracterizada pela falta de acesso a itens de higiene menstrual, falta de acesso a redes de saneamento, água e esgoto, principalmente".

Campanha de rádio

Um outro aliado para ajudar na volta às aulas de maneira segura é a campanha de rádio 'Acesso à água e higiene na volta às aulas como direito humano'.

O material gravado traz temas como uso da água para higiene das mãos, de máscaras e do álcool em gel na prevenção contra a covid-19 nas escolas. Os jingles são transmitidos pela rádio Itamaraty FM, que alcança 43 municípios do território dos Cocais no Piauí.

A ideia é ajudar na formação para o enfrentamento à covid-19 por professores, gestores e toda a comunidade escolar. "Isso foi feito para que a retomada aconteça de forma segura, pois o fechamento das escolas traz impactos negativos na aprendizagem dos estudantes", diz Raimundo João da Silva.