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Projeto garante transferência de renda a mulheres chefes de família no CE

Projeto entende que doar o dinheiro diretamente é uma forma de dar autonomia às pessoas - Arquivo pessoal
Projeto entende que doar o dinheiro diretamente é uma forma de dar autonomia às pessoas Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, em Recife

05/01/2022 06h00

A necessidade de amparar mulheres e jovens em situação de vulnerabilidade na cidade de Fortaleza (CE), em meio à crise gerada pela pandemia de covid-19, motivou um grupo a criar um projeto que busca repassar mensalmente uma renda básica de maneira descomplicada.

O projeto Ser Ponte nasceu em março de 2020 e, desde então, vem auxiliando 250 famílias. A iniciativa surgiu no início da pandemia quando uma pesquisadora da UFC (Universidade Federal do Ceará) e atuante na luta por moradia digna buscou agregar um grupo de amigos e amigas dispostos a ajudar famílias de comunidades mais vulneráveis.

Valéria Pinheiro, na época, já imaginava que a pandemia iria ter um impacto muito maior para as pessoas com pouco ou nenhum direito básico. "Amigos foram atrás de amigos, que foram atrás de amigos. Então, decidimos que era preciso organizar esta ação para isso", disse ela a Ecoa.

Renda básica e alimentos

O projeto busca repassar mensalmente uma renda básica, mas também recebe e repassa doações de gêneros alimentícios, roupas, EPIs, livros etc. Só de alimentos, a iniciativa já distribuiu mais de três toneladas.

Ser Ponte - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A renda distribuída ajuda as famílias a comprar gás para cozinhar, remédios e outras coisas
Imagem: Arquivo pessoal

Alisson Sellaro, diretor financeiro do 'Ser Ponte', explicou que o modelo de distribuição de renda direta ajuda as 250 famílias chefiadas por mulheres com uma quantia de R$ 180 mensais. O pagamento é feito em dinheiro diretamente a essas mães.

"Quando falamos de fome, não estamos falando apenas de doar alimentos. As famílias também precisam de gás para cozinhar, remédios e outras coisas. Entendemos que doar o dinheiro diretamente é uma forma de dar autonomia a essas pessoas", ressaltou.

Apoio de agentes da comunidade

O trabalho é focado nos 23 territórios mais vulneráveis de Fortaleza, atuando com agentes territoriais — pessoas de dentro das comunidades assistidas que conhecem de perto a realidade do local.

Esses agentes dialogam com os moradores e lideranças comunitárias e selecionam famílias chefiadas por mulheres, com alta vulnerabilidade, com presença de idoso, criança ou portador de deficiência no núcleo familiar e, preferencialmente, que não recebam outras ajudas de programas governamentais ou de movimentos sociais.

Além da distribuição de renda, o 'Ser Ponte' tem um grupo de psicólogas que faz um trabalho voluntário de atendimento individual e semanal a dezenas de moradores. Também há apoio a projetos que possam gerar renda para as pessoas da comunidade.

Sustenta mãe, irmã e filha

A vida de Viviane Soares de Oliveira, 26 anos, virou de ponta-cabeça com o surgimento da pandemia do novo coronavírus. Ela — que sustentava a casa onde mora com a mãe, a irmã de 8 anos e a filha de 3 anos com dinheiro de faxinas — se viu sem renda alguma de uma hora para a outra.

Viviane contou a Ecoa que fazia cinco faxinas por semana e, agora, com o retorno das atividades, teve esse número reduzido a duas semanais. "Se esse projeto não existisse, eu nem sei como a gente conseguiria alimentação. Conheci o trabalho por meio de uma vizinha, ela sabe que sou mãe solteira. Aí me mandaram cestas básicas e, além da alimentação, eles no ajudaram com conversas ", disse.

Para doar para o "Ser Ponte", basta fazer contato com o projeto pelo perfil do Instagram ou pelo e-mail: serpontefortaleza@gmail.com.