Em Mercado Solidário de PE, famílias podem escolher itens da cesta básica

Poder escolher os itens da cesta básica de acordo com as demandas familiares específicas é o que possibilita o Mercado Solidário a comunidades em vulnerabilidade de Recife (PE). A iniciativa, motivada pelo efeito da pandemia da covid-19 sobre a população, oferece a pessoas cadastradas fichas que podem ser trocadas no local por produtos que vão de alimentação à limpeza. A ação, segundo os organizadores, atende a 7,6 mil pessoas por mês.

A ideia partiu do desejo das empresárias Maria Eduarda Fernandes e Mayara Amaral de possibilitar mais dignidade às pessoas do bairro do Pina, zona sul do Recife. "Todo tipo de ajuda é válido, mas quando doamos uma cesta básica, por exemplo, estamos dizendo o que aquela família deve consumir. O mercado permite que ela escolha os produtos a depender de sua demanda pessoal. Ou seja, mais feijão ou mais arroz, uma mortadela ou refrigerante... Enfim, podem levar o que mais estão precisando", explicou Maria Eduarda.

Para ter acesso ao mercado, as famílias precisam se cadastrar e receber um cartão que tem 100 pontos. Quando convertidos para dinheiro, esses pontos valem R$ 220. "Todas as quintas-feiras abrimos as portas do mercado e as pessoas podem trocar seus pontos pelos produtos desejados. São mais de 20 comunidades atendidas pela ação. Para isso, contamos com 22 voluntários", continuou Maria Eduarda Fernandes.

A empresária contou como surgiu o projeto Vizinhos Solidários. Em março de 2020, impressionadas com a situação de fome potencializada pela pandemia, amigas resolveram agir e começaram fazendo 20 marmitas por dia para distribuir nas redondezas.

A atitude inspirou alguns vizinhos, que também decidiram ajudar. A ação cresceu e hoje soma 22 voluntários. Além do Mercado Solidário, o projeto já distribuiu mais de 70 mil marmitas e 10 mil cestas básicas em 72 pontos de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana.

"De segunda a sexta-feira, entregamos entre 150 e 200 refeições, sempre em um local diferente. Vai também suco, bolo e um kit de higiene pessoal para cada pessoa. Mapeamos algumas comunidades do Grande Recife para entregar cestas básicas. Tudo com ajuda de doações", ressaltou Maria Eduarda.

"Desde os meus 5 anos que faço trabalho social. Comecei com a minha avó nos hospitais infantis. Eu sinto que o meu sonho está transformando vidas e contagiando a nossa cidade. Sinto a sensação de que a cidade nos acolheu e nos abraçou e sempre está nos ajudando e compartilhando o nosso trabalho", disse.

O projeto, agora, convoca novos parceiros para poder ampliar o atendimento do mercado e abrir as portas todos os dias. A pretensão é atender 50 famílias diferentes por dia.

A dona de casa Fernanda Roque é cadastrada no Mercado Solidário. Ela avalia que a iniciativa deu um apoio importante e inédito às comunidades do entorno. "Nunca tinha visto uma ação assim. Fiquei sabendo por um rapaz de uma ONG. Realmente poder escolher é melhor porque a gente leva o que está precisando. Agradeço a Deus por existir esse projeto que ajuda tantas pessoas", comentou.