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Coletivo de SP faz sabão para população de rua e ajuda mulheres na pandemia

Divulgação
Imagem: Divulgação

Glória Maria

Colaboração para o Ecoa, em São Paulo

12/07/2021 06h00

No início da pandemia, em abril de 2020, Adriana Sumi, 34, moradora do bairro Bom Retiro, na capital paulista, recebeu um pedido de um amigo militante do movimento de população de rua. Ele contou que a Prefeitura de São Paulo havia instalado lavatórios em alguns pontos do centro da cidade, para dar aos moradores de rua a possibilidade de se higienizar por conta da pandemia. Mas os lavatórios não tinham sabonetes. "A Prefeitura já deveria ter feito isso há muito tempo, independentemente da crise sanitária, todas as pessoas deveriam ter acesso à água, a se lavar", diz ela.

Adriana, que já sabia produzir sabão, se juntou a outras 9 mulheres de diferentes coletivos e criou o Sabão do Povo. Compartilhou seu conhecimento, conseguindo assim expandir a produção, e passou a doar os produtos na Casa do Povo, que é um espaço ocupado por diversos coletivos e que permaneceu com as portas abertas para causas emergenciais da pandemia. Todos os sabões são feitos a partir de óleo reciclado, o que ainda ajuda o meio ambiente.

Em novembro de 2020 elas começaram a vender os produtos por um valor acessível, transformando o projeto em uma forma de acolhimento e de sustento para mulheres que ficaram sem emprego, já que elas trabalhavam na produção duas vezes na semana.

Sabão do Povo - Divulgação - Divulgação
Encontros para produzir sabão também servem para mulheres se olharem e se ajudarem umas às outras
Imagem: Divulgação

Além da produção, Adriana ressalta a importância do espaço, como um encontro de mulheres numa tentativa de sobreviver, conviver, aprender juntas e se apoiar. O Sabão do Povo gera renda para quem teve seu trabalho comprometido na pandemia e também traz autonomia para mulheres que buscam sua independência financeira.

O perfil dessas mulheres varia. Há trabalhadoras do sexo, diaristas e cozinheiras da região, entre outras. "Durante os encontros, conversamos sobre os estigmas da prostituição, e fortalecemos laços entre nós, que somos pessoas que habitam o mesmo território, a gente sempre esbarrava, mas nunca conversava", conta Adriana.

Esse lugar do sabão foi também um lugar de encontro na pandemia. Adriana diz que ali as mulheres puderam se olhar e cuidar umas das outras. E também conversar sobre a relação de exploração que acontece nos trabalhos na sociedade e tentarmos construir uma outra relação, uma ação colaborativa."

As participantes também realizam rodas de discussões com temáticas sobre o meio ambiente, trazendo conversas sobre a reutilização do óleo de cozinha e explicações sobre o impacto ambiental gerado quando ele é jogado na rede de esgoto, trabalhando assim a conscientização no bairro.

No mês de junho foram vendidas cerca de 780 barras de sabão pela lojinha online. Destas, 300 foram compradas para serem destinadas à doação. No mês de julho as doações vão para as Mães de Maio, Mães 13 de agosto (vítimas da chacina de Osasco) e Ampara Sul, que tem uma base recém-inaugurada na região.

Você pode comprar os produtos pela lojinha virtual.

E pode ficar por dentro dos próximos lançamentos de produtos pelo perfil do projeto no Instagram.

O coletivo aceita doação de óleo usado (usado na produção do sabão) que pode ser entregue na Casa do Povo, de segunda a sábado, das 11h às 17h. O endereço é: rua Três Rios, 252, Bom Retiro, São Paulo.

É possível também fazer doações em dinheiro, e fazer parcerias para oficinas. Para mais informações entrar em contato pelo WhatsApp 11 94480-1875