Atriz cria projeto para ajudar mulheres em pobreza menstrual na pandemia
No Japão há uma tradição das mães servirem um arroz avermelhado às mulheres que têm a primeira menstruação, o gesto é simbólico e representa o acolhimento de um processo novo no corpo das jovens.
O grão vermelho chamado de Sekihan dá nome ao projeto criado pela paulistana Tatiane Takiyama, 30, atriz e dramaturga, que tem como objetivo proporcionar apoio para quem vive muito longe de qualquer tipo de acolhimento e passa pela chamada pobreza menstrual, quando não há dinheiro para comprar absorventes.
Por meio de lives Takiyama reuniu mulheres artistas que praticamente pararam suas atividades com a chegada da pandemia de covid-19 e usam o espaço na rede para apresentar seus trabalhos, além de ajudarem a divulgar a causa e arrecadar fundos e/ou absorventes para serem doados às mulheres nessas condições.
"No momento da pandemia nossa classe sofreu muitas paralisações, decidi também utilizar o projeto para divulgar trabalhos de mulheres artistas. Convidei para se apresentarem com shows, espetáculos e também venderem suas obras, como quadros, esculturas e bordados", explica Takiyama.
De mulheres para mulheres e sem sair de casa
Dança, música, teatro, arte circense e apresentações musicais, o leque é repleto de opções e o projeto também abre espaço para artistas, que tiverem condições, doarem sua arte [como esculturas e quadros] para serem rifados e ajudarem na arrecadação de recursos.
O ingresso também é 'opcional' e quem assiste pelo Youtube pode doar o quanto puder. "Cada obra de arte plástica ou visual tem um valor atribuído pela artista que a criou e variam de R$ 30 a R$ 100. As doações durante as lives chegam até R$ 350. Os valores arrecadados com esses trabalhos são revertidos em compras de produtos de higiene menstrual, principalmente absorventes", explica a idealizadora.
O projeto é novo, criado há cerca de um mês e conta com três apresentações mensais. "Acontecem sempre às sextas-feiras. A última semana do mês reservo para comprar e entregar os produtos", diz.
Takiyama diz que se sentiu tocada para começar a iniciativa com artistas por conta do cenário difícil causado pela pandemia de covid-19. "Como artista, especificamente de teatro, vivemos numa realidade onde a arte está sucateada, mesmo antes da pandemia, com o isolamento social isso piorou. Dificilmente conseguimos nos manter financeiramente, mas nos reinventamos", explica.
A ideia de mobilizar a arte para um tema social e ajudar pessoas em vulnerabilidade também são valores que correm na veia da artista. "A arte tem um papel importante na formação social e política através de denúncias e reflexões. Nos meus espetáculos escrevo sobre temas marginalizados na sociedade e como mulher não posso deixar de falar sobre feminismo. Incentivar e valorizar o trabalho de mulheres artistas é indispensável para o Sekihan", comenta.
Além de ajudar mulheres em pobreza menstrual e levar a atenção a esse problema, a criadora da ação acredita que é a chance de aproximar os artistas do público, mostrando um lado mais humano e incentivando que mais pessoas consumam arte durante e após a pandemia de covid-19.
"Conhecer artistas dentro de suas casas neste momento pode incentivar o comparecimento em shows e espetáculos quando tudo isso acabar. As lives estão alcançando pessoas em outros estados e municípios e até em outros países, que jamais conheceriam nosso trabalho de forma presencial", conta Takiyama.
O projeto aceita doações de itens, valores em dinheiro e ajuda de artistas nas apresentações. Interessados podem entrar em contato pelo e-mail: projetosekihan@gmail.com - Para acompanhar as datas das lives siga o perfil Projeto Sekihan e o canal no Youtube do projeto, em que são transmitidas.
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