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Jovens se identificam menos com instituições democráticas, aponta relatório

Protesto em frente ao Palácio do Planalto pede que eleições sejam feitas com voto impresso - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Protesto em frente ao Palácio do Planalto pede que eleições sejam feitas com voto impresso Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Giacomo Vicenzo

Colaboração para Ecoa, em São Paulo (SP)

17/06/2021 06h00

Jovens participam de poucas das decisões de nossa sociedade, assim como não se sentem representados pelas atuais instituições democráticas presentes no país. Essas e outras características foram apresentadas no relatório "Mapeamento sobre Juventudes, Democracia e Inovações Sociais na América", que terá lançamento oficial hoje (17) às 19h e contará com mesa de debate transmitida em parceria com Ecoa. A conversa será mediada por Leonardo Sakamoto, que receberá alguns dos jovens que integraram as mais de 123 conversas com empreendedores sociais e jovens transformadores, que ouviu 32 Jovens Transformadores pela Democracia no Brasil e na Venezuela.

Helena Singer, líder de estratégia e de juventude da Ashoka, rede global de empreendedores sociais e líderes, que é responsável pela iniciativa, aponta que o mapeamento revelou uma grande falta de identidade dos jovens com as instituições democráticas como estão postas hoje e alerta sobre a importância de se atentar a esse movimento. "Precisamos pensar profundamente na reinvenção dessas instituições para que a nova geração possa se conectar com elas, sob o risco de a democracia perder sua força definitivamente, já que a nova geração é quem deve assumi-la", diz.

Entre os principais objetivos do estudo está o mapeamento de jovens transformadores que contribuem para moldar uma sociedade mais participativa e identificar as barreiras que mantém os jovens afastados dessas esferas da sociedade, além de apresentar estratégias para solucionar esse distanciamento das juventudes nas tomadas de decisões.

"Os jovens entrevistados já lideram processos de engajamento de outros jovens nos processos de decisão ou de pressão para que as instituições reconheçam o seu poder de decidir e de participar, sobretudo, nos assuntos que os afetam. É muito comum vermos debates e propostas políticas para as juventudes, mas sem nenhuma participação de jovens no processo", explica Helena Singer.

"O mapeamento foi feito entrevistando jovens de populações historicamente excluídas dos processos de decisão, moradores de periferias, negros, indígenas e empreendedores sociais que trabalham com esses jovens", completa Singer.

A líder de estratégia da rede lembra ainda que é como se jovens não tivessem a capacidade de participar de processos decisórios e lembra que o cenário atinge da vida escolar à política. "Isso vem desde a escola em que não há espaço para participação dos jovens nos processos de decisão do currículo e sobre as regras em um espaço que eles são maioria. Isso se reflete em partidos políticos, que quando há espaço para juventude, é um setor de importância diminuída e eles ficam restritos a esse setor. Não há de fato uma estratégia para que jovens ocupem os espaços institucionais da política", defende.

Para Mariana Belmont, jornalista, colunista de Ecoa, que faz parte da Rede Jornalistas das Periferias e da Uneafro Brasil, que participará do debate, é fundamental focalizar as barreiras vivenciadas por jovens, sobretudo, negros e periféricos, pois são os que mais sofrem exclusões nesses processos decisórios e outros.

"Mapear e estudar a juventude brasileira é fundamental, traz uma perspectiva dos entraves, da falta de espaço e abertura de conversa para decisão desses jovens, que são um grupo muito grande de pessoas no país", aponta Belmont.

A transmissão do debate que marca o lançamento do mapeamento é gratuita e você pode acompanhar aqui em Ecoa a partir das 19h.