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Boi Caprichoso cria projeto de amparo aos artistas afetados pela pandemia

Divulgação
Imagem: Divulgação

Gabriel Ferreira

Colaboração para o Ecoa, em Manaus

02/06/2021 06h00

Reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Festival Folclórico de Parintins, dos Bois-Bumbás Garantido e Caprichoso, realizado desde 1965 entre o fim de junho e início de julho, pela primeira vez não pode ser realizado. Este foi mais um dos grandes eventos do planeta interrompidos pela pandemia do novo coronavírus no ano de 2020.

Com o prejuízo, toda uma estrutura social e econômica foi afetada no Amazonas, sobretudo no município de Parintins, situado a 370 quilômetros de Manaus. A classe de artistas parintinense da chamada 'Ilha da Magia' foi a primeira a sofrer com as consequências do cancelamento da festa, que movimenta por ano de 50 milhões a 80 milhões de reais.

Em 2020, a tradicional disputa de título durante três noites na arena do Bumbódromo, local onde ocorre o evento, virou uma edição simbólica que foi transmitida pela TV e pelas redes sociais. Por efeito da pandemia, não houve a presença dos torcedores nem chamados de galera nas arquibancadas que recebem 17 mil pessoas todos os anos.

Afetada por todo o contexto da pandemia, a Associação Boi Bumbá Caprichoso, uma das agremiações da festa folclórica, arregaçou as mangas e vem desenvolvendo o projeto Caprichoso Social desde o início da pandemia, em março de 2020.

O presidente do Conselho de Artes do Caprichoso e coordenador do projeto, Ericky Nakanome, explicou que a iniciativa surge "no momento em que percebemos que nós artistas não sabíamos fazer muita coisa além da arte e de tudo aquilo que sonhamos fazer e que fazemos muito bem todos os anos. Esse ano foi diferente, e o Caprichoso teve que encontrar novos caminhos para enfrentar esse momento".

Boi Caprichoso - Divulgação /  Boi Caprichoso - Divulgação /  Boi Caprichoso
Em 2020, disputa virou uma edição simbólica que foi transmitida pela TV e não teve público
Imagem: Divulgação / Boi Caprichoso

Como parte das ações realizadas até o momento pelo projeto, foram entregues 5 mil cestas básicas para famílias em vulnerabilidade social em Parintins. Além disso, em abril deste ano, o projeto inaugurou a Estação do Trabalhador Caprichoso, centro para suportes tecnológicos e sociais para mais de 300 trabalhadores da Associação Folclórica afetados pela pandemia.

Por meio desse espaço, os colaboradores, em sua maioria artistas, terão cursos de capacitação com objetivo de possibilitar acesso aos projetos de políticas públicas apresentados via editais nas esferas de poder estadual e federal.

"As ações serão desenvolvidas para amparar as pessoas que constroem o boi. Os artistas que dependem financeiramente da festa, os dançarinos, os brincantes. Essas pessoas estarão amparadas com ações que nesse momento estão muito ligadas à nossa realidade", disse Ericky Nakanome. "A gente sabe que políticas culturais geradas neste momento não atendem a realidade da Amazônia. Tem pessoas que não têm nem e-mail, e os editais exigem portfólio, que é algo muito distante daqueles que constroem a cultura popular na Amazônia."

A Estação do Trabalhador deve também ser espaço para realização dos trabalhos artísticos, orientações para cadastros em projetos culturais, e nos próximos meses deve contar com um consultório odontológico e demais atendimentos de saúde, que estão em fase de conclusão de estrutura para atender os trabalhadores do Boi.

Em paralelo às atividades do centro, "serão realizadas lives (artísticas com música e dança) para arrecadar recursos e alimentos que serão distribuídos para as comunidades mais carentes ligadas ao Caprichoso".

O projeto também busca apoio dos patrocinadores do Festival Folclórico de Parintins para garantir uma renda mínima para beneficiar os artistas cadastrados no projeto.

"Buscando junto à iniciativa privada e do Governo do Estado parcerias para que as coisas possam continuar e fazer com que o Caprichoso permaneça vivo e resistente", disse Nakanome.

O projeto mantém uma vaquinha online para doações.
Ou você pode entrar em contato com eles pelas redes sociais Facebook, Instagram ou Twitter