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Coletivo leva biblioteca para doceria para manter ação durante a pandemia

Grupo chegou a entregar kits culturais com leituras e jogos para atender as crianças em casa - Divulgação
Grupo chegou a entregar kits culturais com leituras e jogos para atender as crianças em casa Imagem: Divulgação

Giacomo Vicenzo

Colaboração para o Ecoa, em São Paulo

01/06/2021 06h00

Balé online, entrega de kits culturais com doces, livros e jogos pedagógicos, essa é a nova rotina do Espaço Pinheirinho depois da chegada da pandemia de covid-19. Se antes os encontros eram a alma do projeto, adaptar-se foi a forma encontrada para que a ação resistisse.

Atendendo famílias, crianças e adolescentes desde 2015 em Jardim Pinheirinho, periferia de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, as atividades do coletivo sem fins lucrativos são variadas e passaram por uma série de adaptações para não perder o vínculo com seus 50 beneficiados.

"O princípio do espaço é o encontro, e tínhamos como atividade principal o balé. Com a chegada da pandemia, as alunas começaram a ter aulas de forma online e receberam orientações para ensaiar", comenta o professor de geografia Wellington Fernandes, 34 anos, integrante do coletivo e responsável pela gestão do espaço.

Cursinhos pré-vestibulares e uma horta orgânica fizeram parte da estrutura e das ações do projeto no decorrer de 2020, mas com o agravamento da crise os participantes caíram para menos da metade, as aulas online de balé foram suspensas em março, e o grupo viu parte de suas forças para manter o projeto diminuir, tanto na questão de mão de obra, como financeira.

Biblioteca Pinheirinho - Divulgação - Divulgação
Com a sede fechada, o Pinheirinho passou a emprestar livros em uma loja de doces
Imagem: Divulgação

"Tínhamos expectativas de retorno presencial, mas a segunda onda fez com que ficássemos paralisados. Estamos conseguindo manter o aluguel em dia graças à ajuda de algumas pessoas e de um financiamento coletivo online", conta Fernandes.

"A horta orgânica é gerida e cuidada por pessoas de mais idade e ela ajuda no custeio do espaço, além de oferecer hortaliças e vegetais livres de agrotóxicos para comunidade a preço popular", explica.

Reconhecimento das raízes e resistência

A biblioteca do grupo, chamada Biblioteca da Dona Jô, que agora se instala em uma loja de doces, leva o nome da mãe de Fernandes [Joelita Marques de Oliveira Fernandes], a placa fixada entre as balas e outras delícias açucaradas e ao lado de pequenas prateleiras em que repousam os livros de uma pequena mostra indaga aos clientes - Que tal um livro emprestado?

"Com o espaço fechado, os livros foram transferidos para essa loja da região. Fazemos de dez a cinco empréstimos semanais", conta Wellington. "Sempre estivemos envolvidos em ações no bairro, nem sempre com local fixo, mas sempre com ações para que esses projetos pudessem acontecer. O marco foi em 2015, quando minha mãe conseguiu um espaço fixo para nós e outros grupos de diferentes ações e vertentes do bairro, ela faleceu no ano seguinte e batizamos a biblioteca em memória", completa.

Ainda em 2020, o grupo também fez intervenções no espaço, que trazem informações da região, contando a origem dos nomes das ruas. "Foi uma atividade que consideramos como indireta. Trazemos os nomes das ruas do bairro nas placas e explicamos o significado. Muitas dessas vias têm nomes de origem indígena e informamos isso nas placas", conta Fernandes.

O projeto tem um financiamento coletivo online para receber doações. Para ajudar de outras formas é possível entrar em contato via mensagem pela página do coletivo no Instagram.