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Ativista forma gabinete de crise para ajudar Complexo do Alemão na pandemia

Wendy Andrade / Reprodução Instagram
Imagem: Wendy Andrade / Reprodução Instagram

Rayane Moura

Colaboração para o Ecoa, em São Paulo

12/05/2021 06h00

O Complexo do Alemão é um bairro que abriga um dos maiores conjuntos de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Em um enorme conjunto de 15 comunidades vivem cerca de 60 mil pessoas, segundo dados oficiais, ou 120 mil, segundo cálculos dos moradores.

Dentre tantos habitantes, um se destaca pela sua mobilização em favor das comunidades do Alemão. Raull Santiago, de 32 anos, é comunicador social, ativista e empreendedor. Desde 2006, começou a se envolver com trabalhos sociais, comunicação e produção cultural na favela, daí em diante não parou mais.

Raull criou, junto com outros ativistas do Complexo do Alemão, o Coletivo Papo Reto, Movimentos, FAVELA e ODSs, Perifa Connection, além de ser CEO do BRECHA hub da favela.

Em 2020, com a chegada do coronavírus, não poderia ser diferente. Durante a pandemia, o coletivo Papo Reto se uniu ao Voz das Comunidades e o Mulheres em Ação no Alemão e, juntos, formaram o Gabinete de Crise do Complexo do Alemão, frente humanitária de enfrentamento ao coronavírus.

Ativista Complexo do Alemãp - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Frente humanitária já distribuiu mais de 15 mil cestas básicas para cerca de 60 mil pessoas
Imagem: Reprodução Instagram

Basicamente, todas as operações dos projetos e empresas pararam e o foco se voltou integralmente para um trabalho de comunicação para informar a população sobre coisas relevantes sobre a covid-19.

"Nós nos tornamos uma ampla frente de enfrentamento à fome, distribuindo cestas básicas e kits de higiene e limpeza na favela. Somente em 2020, foram mais de 15 mil cestas entregues, atingindo uma população de cerca de 60 mil pessoas", conta. "Em 2021 estamos organizando agendas e adaptando para o online muitos afazeres institucionais, e seguimos nas ações de comunicação e ações humanitárias iniciadas em 2020."

Para conseguir as doações, Raull utiliza a sua visibilidade nas redes sociais. O ativista acumula mais de 100 mil seguidores no Twitter, e cerca de 83 mil no Instagram. "Temos utilizado todas as possibilidades para arrecadar doações em dinheiro ou alimentos diretamente, que se transformam em cestas básicas e kits de higiene e limpeza para serem distribuídos aqui na favela", conta.

"Postagens, lives, stories e muita transparência nas prestações de conta fazem com que as pessoas se tornem quase que doadoras fiéis de nossas campanhas. Apesar de trabalhoso, entendemos que estar no Sudeste cria certas facilidades de engajamento e visibilidade, por isso, sempre que possível temos tentado mapear campanhas fora do eixo Sudeste ou mesmo fora das capitais e centros, para ajudar a divulgar", diz o comunicador.

Raull conta que recebe diariamente diversos pedidos de ajuda em suas redes sociais de moradores do Complexo do Alemão. "É bem difícil coordenar isso ou mesmo conseguir manter uma agenda diária, pois são inúmeros os pedidos de socorro. É bem terrível a situação em que nos encontramos, espero que isso passe logo." Com a tag #AteVencermosAFome, o coletivo busca conseguir maior visibilidade e doações.

Se você quiser e puder colaborar com o Coletivo Papo Reto, basta entrar em contato via redes sociais, no Instagram ou Twitter.