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"Muito além do peso" mostra como a má alimentação afeta a saúde de crianças

Divulgação do documentário "Muito Além do Peso" - Divulgação
Divulgação do documentário "Muito Além do Peso"
Imagem: Divulgação

Camilla Freitas

De Ecoa, em São Paulo

08/05/2021 06h00

"Gente, eu tô ficando impaciente, a minha fome é persistente. Come frio, come quente. Come o que vê pela frente", canta o grupo Palavra Cantada em "Fome Come". Se você cresceu nos anos 2000 já deve ter se deparado com essa música em algum lugar. Além da canção, alimentos cheios de açúcar, gorduras e embalagens coloridas também podem ter feito parte da sua infância. E é sobre toda essa fome e essa dieta cheia de calorias que fala o documentário "Muito além do peso" (2012).

O filme, de pouco mais de uma hora, narra um problema que afeta cada vez mais crianças: como uma alimentação desregulada tem aumentado a obesidade infantil e a incidência de doenças graves. O problema, como o próprio título do longa-metragem aponta, não é o aumento de peso, mas as doenças que estão relacionadas a ele.

Entender o problema e buscar uma solução

Além - Divulgação - Divulgação
Com ideais emprestadas de filmes como "Jamie's Food Revolution", que falam sobre a ação nociva de empresas de alimentação, tidas como grandes incentivadoras da obesidade infantil
Imagem: Divulgação

Assim, são contadas histórias de crianças que desenvolveram diabetes tipo 2, problemas no pulmão e coração, pressão e colesterol altos, tudo em decorrência da má alimentação. Dados citados pelo documentário mostram que, em 2008, 33,5% das crianças brasileiras de cinco a nove anos estavam com sobrepeso ou obesidade. Hoje, 16,33% das crianças entre cinco e dez anos estão com sobrepeso, 9,38% com obesidade e 5,22% com obesidade grave.

O documentário busca entender o motivo pelo qual as crianças estão comendo tão mal e, afinal, o que significa não comer bem. Logo no início do filme, por exemplo, são apresentados a elas diversos tipos de frutas e vegetais. Ao serem perguntadas sobre qual alimento seria aquele, as crianças não conseguem distinguir um mamão de pimentão, ou uma berinjela de um rabanete. O mesmo não acontece com bolachas recheadas, refrigerantes ou fast foods.

O que o filme faz, então, é abrir uma discussão sobre os motivos pelos quais isso ocorre. As respostas de especialistas e familiares passa por publicidade de alimentos ultraprocessados destinada a crianças; a facilidade de encontrar certos alimentos não naturais em determinadas comunidades enquanto os naturais são dificilmente encontrados ou são mais caros; falta de políticas públicas destinadas ao lazer, o que ajudaria as crianças a fazer mais exercícios físicos; merendas escolares com alimentos não naturais; entre outros.

A ideia é mostrar como a má alimentação afeta a saúde de crianças indígenas, abastadas, de comunidades ribeirinhas, das favelas dos centros urbanos e de todo o canto do país, de norte a sul. São entrevistados pais, crianças, especialistas nacionais e estrangeiros e também são feitas algumas perguntas sobre quantidade de açúcar e gordura de alguns alimentos para as pessoas nas ruas. É um prato cheio de informação.

Algumas imagens podem ser duras, afinal, este não é um tema fácil de abordar. O sofrimento dos pais e das crianças, tão novas e cheias de comorbidades, não é bem o tipo de entretenimento que a gente busca quando vai assistir um filme. Mas "Muito além do peso" é um documentário necessário, afinal entender o problema é o primeiro passo para buscar uma solução.

Pensando nisso, o portal do Ministério da Saúde criou uma série de materiais para os pais, crianças e profissionais da saúde explicando o passo a passo do que se pode fazer em âmbito individual para auxiliar as crianças no combate à obesidade infantil. Você pode conferir o material clicando aqui!

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Imagem: Arte/UOL