Amigas criam vale alimentação para orgânicos e movimentam R$ 1 milhão
Uma pequena empresa do Rio Grande do Sul criou um vale alimentação e método de pagamento que permite a compra de alimentos orgânicos e mais saudáveis produzidos por produtores sustentáveis. Em abril, o serviço chamado Papayas bateu a marca de R$ 1 milhão movimentado pelo aplicativo, segundo as criadoras.
Projeto de amigas formadas em nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o serviço teve estreia em 2019. Na época, o plano era criar uma consultoria para um restaurante, mas elas perceberam uma outra oportunidade de negócio: o vale refeição e alimentação sustentável.
Assim, Nicoli Bonalume e Constance Oderich deram início ao Papayas, que hoje tem mais de 3 mil usuários e estimula a economia de 500 famílias de produtores de orgânicos gaúchos. Em breve, o negócio disponível em Porto Alegre (RS) deve se estender a Belo Horizonte (MG).
A criação de um aplicativo
Por enquanto, o vale alimentação Papayas é voltado para produtores que vendem em feiras ecológicas, restaurantes e serviços de entrega de alimentos saudáveis na capital gaúcha. O serviço funciona como outros VRs conhecidos do mercado: a empresa interessada em oferecer o benefício deposita o dinheiro no aplicativo do serviço, e o funcionário pode utilizar a grana como quiser, mas dede que em orgânicos ou alimentos saudáveis vendidos pelos estabelecimentos credenciados. Para fazer o pagamento, basta apontar o celular para um QR code no local de compra.
Antes mesmo da pandemia as sócias zeraram as taxas dos produtores e passaram a cobrá-las apenas das empresas. A diminuição do custo facilitou a adesão dos agricultores, afirmam.
Uma oportunidade saudável em um negócio concorrido
Os vales para alimentação foram criados em 1976 pelo Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT) e são geridos por operadoras do setor privado. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Benefício ao Trabalhador, 19,5 milhões de trabalhadores brasileiros são beneficiados pelo vale. Em troca, as empresas abatem impostos.
Apesar disso, as criadoras do Papayas notaram uma barreira. Os vales tradicionais não eram aceitos nas feiras de alimentos orgânicos. A alternativa eram as redes de supermercado e alguns restaurantes. A rejeição dos pequenos produtores estava principalmente no bolso.
"Nós descobrimos que os vales para a alimentação são custosos e os restaurantes e mercadinhos precisam pagar uma taxa muito alta de transação para as operadoras de vale alimentação", explica Oderich, uma das criadoras da plataforma.
Taxas e comida
As taxas dos vales tradicionais costumam variar entre 6% a 10% por transação e contam anuidade e tarifas que variam de acordo com o faturamento da empresa.
Por outro lado, as criadoras do Papayas negociam um valor fixo com a empresa, e não com o estabelecimento, para as compras feitas por cada usuário. A maior taxa paga pela empresa é de R$ 32 por pessoa, pago mensalmente, e é possível acrescentá-lo a quem já tem o benefício tradicional.
Com apenas cinco empresas no vale alimentação e 3 mil usuários no aplicativo, o Papayas chegou à marca de R$ 1 milhão transferidos pelo serviço entre o cliente e produtor. Para elas o negócio ainda tem um fator adicional.
Segundo Bonalume, os programas tradicionais dão pouca atenção sobre quais alimentos os funcionários comem. Por isso, a marca também organiza eventos sobre nutrição e atende aos compromissos mais sustentáveis e responsáveis adotados por empresários nos últimos anos.
As duas fundadoras e o sócio Filipe Souza, responsável pela parte tecnológica, venceram o programa Startup RS, do Sebrae, e concorrem a um financiamento em Minas Gerais. A esperança é aumentar ainda mais o negócio e para isso aguardam o resultado de um edital de investimento em startup. "Depois de Minas, pensamos estender o serviço para todo o sudeste", conclui Bonalume.
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