Topo

Mostra de Claudia Andujar retrata cultura Yanomami nas últimas décadas

"Êxtase", foto da série "Sonhos Yanomami", de Claudia Andujar, na Galeria Vermelho - Claudia Andujar/ Galeria Vermelho/ Divulgação
'Êxtase', foto da série 'Sonhos Yanomami', de Claudia Andujar, na Galeria Vermelho Imagem: Claudia Andujar/ Galeria Vermelho/ Divulgação

Lígia Nogueira

Colaboração para Ecoa, em São Paulo

28/04/2021 11h35

As tradições dos Yanomami têm sido o tema central da obra de Claudia Andujar desde a década de 1970, quando passou a pesquisar a fundo a Amazônia. Ao longo de vários anos a fotógrafa suíça radicada no Brasil retratou a vida na floresta e se tornou uma das principais vozes na defesa dos povos originários. Essa trajetória se reflete em imagens capazes de transportar o espectador, por exemplo, para o transe de um ritual xamânico.

A cultura do xamanismo está presente na série "Sonhos Yanomami", trabalho de 2002 que será apresentado na íntegra em uma exposição da artista na Galeria Vermelho, em São Paulo, até o dia 5 de junho.

A mostra também traz o políptico "Genocídio do Yanomami: morte do Brasil", de 1989, que foi idealizado originalmente como instalação audiovisual e poderá ser visto no formato de impressões sobre papel.

Em tempos em que a questão indígena se torna cada vez mais urgente no país, o trabalho da artista ganha ainda mais relevância. Além de evidenciar experimentos com luz e filtros diversos, a série "Genocídio do Yanomami" —exibida pela primeira vez no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) em 1989 e agora apresentada com 235 impressões— registra a construção da Rodovia Perimetral Norte (BR 210) e as consequências do contato com o homem branco para a cultura e a saúde da população local.

"Coincidência ou simples repetição de padrões, pouco mais de 30 anos após a primeira apresentação pública da instalação, os povos originários voltam a viver uma situação talvez ainda pior. Hoje, além dos estimados quase 20 mil mineradores ilegais instalados em terras Yanomami, e de um vírus que viaja pelo ar, as populações indígenas são afetadas pela necropolítica do governo que horizontalizou o genocídio", escreve Marcos Gallon, diretor artístico da Galeria Vermelho, em texto para a exposição.

Claudia Andujar
Genocídio do Yanomami: morte do Brasil
Sonhos Yanomami

De 27 de abril a 5 de junho de 2021
De terça-feira a sexta-feira, das 11h às 19h, e aos sábados, das 11h às 16h
Galeria Vermelho. R. Minas Gerais, 350, São Paulo, SP, tel.: (11) 3138-1520
Entrada gratuita