Indígenas criam enfermaria para pacientes de covid-19 em assentamento no AM
Em janeiro deste ano a comunidade indígena Parque das Tribos, situada no bairro Tarumã-Açu, em Manaus, começou a campanha "Salvando Vidas Indígenas", em prol das 700 famílias de 35 etnias que vivem no local, com objetivo de diminuir os efeitos da pandemia do novo coronavírus. O assentamento indígena, que não possui saneamento básico, é o maior em contexto urbano do Brasil e existe desde 2014, fundado pelo cacique Messias Kokama, que morreu vítima de covid-19 em maio de 2020.
Ainda no fim de janeiro, o grupo de moradores criou uma enfermaria de campanha indígena, batizada de UAPI (Unidade de Apoio aos Povos Indígenas). O espaço foi desenvolvido sob liderança do cacique Miqueias Kokama, a técnica de enfermagem Vanda Ortega, da etnia Witoto, que foi a primeira pessoa vacinada no Amazonas contra covid, e contou com apoio do Instituto Americano para os Povos Indígenas e Sustentabilidade (IAPI).
A instalação de saúde foi adaptada em uma igreja da comunidade para atender os pacientes de covid-19. A estrutura segue a cultura e os costumes indígenas. Em vez de macas, são utilizadas redes, ervas medicinais e suporte de cilindros de oxigênio.
A instalação da unidade serviu para atender a demanda de infectados na comunidade durante a segunda onda da pandemia, quando ocorreu o colapso da rede hospitalar do Amazonas, ocasionando a crise de oxigênio em Manaus e em alguns municípios do interior. A enfermaria atendeu mais de 50 indígenas e não teve nenhum auxílio da prefeitura de Manaus ou do governo do Amazonas.
Uma das integrantes da comissão da campanha, Cláudia Baré, revelou que a ideia inicial era instalar um hospital indígena, mas por orientação de profissionais de saúde foi possível somente criar a unidade de apoio. Ela diz que a própria comunidade se mobilizou para fazer tudo voluntariamente, com enfermeiros, técnicos e todo o pessoal que atua na saúde.
Com a UAPI instalada, foi desenvolvida uma campanha por arrecadação de alimentos, medicamentos, itens de higiene e limpeza, álcool 70% e máscaras. O objetivo é, além de dar alguma segurança para manter os moradores em isolamento social, também garantir itens básicos para ajudar muitas famílias que ficaram sem renda. A maioria trabalhava de maneira informal, principalmente com venda de artesanatos tradicionais feitos pelas mulheres.
Em quatro meses de campanha, foram arrecadados 700 kits de higiene e 10 cestas básicas. A primeira vaquinha virtual criada por voluntários conseguiu R$ 10.325 e teve 71 doadores. No momento há outra vaquinha aberta com a meta de arrecadar R$ 100 mil para reverter em ajuda humanitária para os moradores da comunidade.
No fim de março, a campanha de arrecadação passou para as mãos da cacica geral do Parque das Tribos, Lutana Kokama, de 48 anos. A líder pede doações em nome da comunidade, além de contar com diversas parcerias de entidades não governamentais. De acordo com Lutana, todos os itens arrecadados têm sido organizados logisticamente e entregues a famílias do bairro.
De acordo com mapeamento feito pela técnica de enfermagem Vanda Ortega, apenas 8 indígenas idosos foram vacinados no Parque das Tribos até o momento, e alguns parentes idosos que têm alguma comorbidade. A vacinação de indígenas não aldeados é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus.
Para ajudar a comunidade do Parque das Tribos
Contatos: Lutana Kokama (92) 98201-9360 e Vanda Ortega (92) 99618-2026
Doações:
Favorecido: Carlos Augusto Melo Seixas
Banco Bradesco
Agência 0482
Conta. 0530215.3
Conta poupança
CPF 609.241.522-49
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