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Jogo de PE que transforma SUS em "Pokemon brasileiro" é finalista em prêmio

Jogo Super SUS, da FioCruz - Divulgação
Jogo Super SUS, da FioCruz
Imagem: Divulgação

Carlos Madeiro

Colaboração para Ecoa, em Maceió (AL)

24/04/2021 06h00

Um jogo desenvolvido por pesquisadores e estudantes da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) de Pernambuco se tornou finalista do maior prêmio de games independentes da América Latina. O "SuperSUS" foi selecionado para concorrer na categoria melhor jogo Educacional no "Brazil's Independent Games Festival - Big Festival 2021", que acontecerá entre os dias 3 e 9 de maio.

Lançado em junho de 2019, o jogo foi desenvolvido para que o jogador avance pela conquista de direitos à saúde pública, assim como ocorreu na luta pela criação do SUS (Sistema Único de Saúde), em 1988.

Logo no início, o aplicativo lembra que, antes do SUS, a saúde pública não era um direito universal no Brasil e atendia apenas os trabalhadores que tivessem carteira assinada.

A partir daí, sob controle do jogador, você vai conquistando direitos e avançando de fase, à medida em que vai conhecendo mais sobre o sistema, passeando pela rede de saúde e suas atividades e serviços ofertados.

"Eu ficava vendo a influência que os jogos tinham na vida das pessoas, principalmente nos jovens, e pensava: 'poxa, porque a gente não mobiliza essa energia do jogo para o bem?' Via jogos que faziam desafios, mas não eram desafios positivos. Vi então que tinha uma lacuna ali", conta a coordenadora Islândia Carvalho.

Para ela, o SuperSUS seria um "Pokémon brasileiro". "Seria essa a ideia, da defesa do SUS, da defesa da vida. O desafio do jogo seria: quem salva mais vidas", explica.

O jogo ganhou as plataformas e, somente para dispositivos Android, foram mais de 10 mil downloads desde seu lançamento.

Importância de conhecer o SUS

Super SUS - Reprodução - Reprodução
Cena do jogo Super SUS finalista do Brazilian Indie Game.
Imagem: Reprodução

Carvalho, que é docente de pós-graduação em saúde pública do Instituto de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fiocruz-PE, conta que, ao longo de sua carreira de pesquisas na área, percebeu que as pessoas não conheciam a importância do sistema de saúde pública brasileiro.

"É notório que as pessoas desconhecem o SUS. Em mais de vinte anos atuando nele, percebi que as pessoas não conhecem o seus direitos e não têm o SUS como patrimônio público, o que significou a conquista da saúde como direito. E o mote para o jogo foi: por que não aprender de forma lúdica?", lembra.

Ela conta que já existia uma equipe trabalhando na Fiocruz, com uma pessoas da área de educação à distância, design e desenvolvimento tecnológico. Foi junto com eles que o SuperSUS foi criado. "A gente foi aprendendo junto: eu fui ensinando ao grupo o que era o SUS, quais eram os princípios e diretrizes, e eles iam desenvolvendo as partes de tecnologia", conta. "Foi uma construção coletiva. Acho que o sucesso do jogo vem disso: ele esteve bem aberto a críticas e sugestões neste período de produção", conta.

O prêmio

A classificação para a final do prêmio, diz Carvalho, foi uma "surpresa enorme." "Foi uma alegria porque um grande desafio que você tem nos serviços públicos, de um trabalho como esse, é o reconhecimento da mídia para ajudar na divulgação. O nosso grande objetivo é chegar na sociedade. A ciência tem um grande desafio de dialogar melhor com a população. Então, por trás desse jogo tem a ideia da popularização do conhecimento científico, de quebrar um pouco essa barreira", diz Islândia Carvalho.

A edição 2021 do prêmio BIG teve 510 inscritos. O júri selecionou 96 desses jogos, de 25 países, que concorrem em diversas categorias. Você pode conferir todos os finalistas aqui.

Antes do dia do prêmio, a pesquisadora conta que o jogo vai ganhar uma nova atualização. "A gente vai ter nova versão para o Big Festival. A gente ainda tem mais dois jogos: um que é o SuperSUS contra a covid, que está sendo finalizado com novos parceiros; e o outro será o SuperSUS e atenção primária", conclui.

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