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Diverso, Oscar pode premiar história de mulheres, negros e imigrantes

?Minari? concorre a seis categorias do Oscar incluindo a de melhor ator para Steven Yeun, que também se consagrou na série The Walking Dead -  Emily Assiran/Getty Images
?Minari? concorre a seis categorias do Oscar incluindo a de melhor ator para Steven Yeun, que também se consagrou na série The Walking Dead Imagem: Emily Assiran/Getty Images

Camilla Freitas

De Ecoa, em São Paulo

23/04/2021 06h00

O Oscar 2021 finalmente vem aí. A premiação que costuma acontecer entre os meses de fevereiro e março atrasou esse ano devido à pandemia de covid-19. Se para conter a transmissão do vírus boa parte dos cinemas do mundo ficaram fechados, isso não significa que alguns bons filmes não puderam sair a tempo de concorrer à premiação e nos entreter, é claro.

Mas não só de entretenimento vivem os filmes indicados ao Oscar. Temas como racismo, machismo e imigração, por exemplo, dão o tom das histórias escolhidas para a premiação. E a diversidade não está só nos temas retratados.

Na categoria de melhor direção deste ano, duas mulheres estão indicadas ao prêmio pela primeira vez na história do Oscar. Chloé Zhao ("Nomadland") e Emerald Fennell ("Bela Vingança"). Zhao também é a segunda asiática na história a concorrer na categoria de melhor filme.

E tem mais. Steven Yeun ("Minari"), um ator asiático, e Riz Ahmed ("O Som do Silêncio"), muçulmano, são os primeiros a concorrer na categoria de melhor ator; Anthony Hopkins ("Meu Pai"), com 83 anos, é o ator mais velho a concorrer também como melhor ator; Viola Davis ("A Voz Suprema do Blues") que mais uma vez concorre a uma estatueta, a de melhor atriz, se tornou a mulher negra com mais indicações ao Oscar da história.

A importância da diversidade no Oscar

Essas conquistas individuais, contudo, podem reverberar de modo geral na premiação? Ainda não sabemos. Regina King, diretora de "Uma Noite em Miami", por exemplo, não configura entre as indicadas na categoria de direção apesar de seu filme estar concorrendo a outras duas estatuetas. Um dos jurados do Oscar, se recusou a assistir "Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre", aclamado em outras premiações, porque o filme fala sobre aborto.

Nós precisamos ter uma conversa séria sobre diversidade e tirar algo disso. É mais fácil ser Presidente dos Estados Unidos como negro do que ser o chefe de um estúdio ou de um canal de TV

Spike Lee sobre diversidade em Hollywood

Movimentos como o #OscarSoWhite, que questionava a ausência de negros na premiação, e o #MeToo, que denunciou assédio sexual e machismo na indústria de Hollywood, buscaram mudar essa realidade porque, ao longo da história, poucos foram os integrantes de minorias sociais premiados. Quer um exemplo?

A premiação da primeira afro-americana da história do Oscar aconteceu em 1940, 11 anos depois da primeira edição da premiação, em 1929. Hattie McDaniel levou a estatueta de melhor atriz coadjuvante pelo papel da escrava Mammy, no filme "...E o Vento Levou". Foram décadas até o prêmio de melhor atriz ir para as mãos de uma mulher negra, Halle Berry, em 2001, por "A Última Ceia" — até hoje ela é a única vencedora na categoria.

Viola Davis - Reprodução - Reprodução
Viola Davis contracena com Chadwick Boseman em A Voz Suprema do Blues. O ator, que faleceu em 2020 aos 42 anos, pode ganhar o prêmio póstumo de melhor ator
Imagem: Reprodução


Pensando em mudar esse cenário, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação, anunciou que, a partir de 2024, para uma obra levar o prêmio de melhor filme, terá que empregar uma cota mínima de representantes de minorias no elenco, na equipe ou na área administrativa.

Enquanto 2024 não chega, a gente pode conferir como a diversidade e discussões sociais importantes são apresentadas nos indicados desse anos:

"O Som do Silêncio"

O filme conta a história de um integrante de uma banda de rock que perde a audição e passa a integrar uma rede de apoio para pessoas surdas.

Onde assistir: está disponível no Amazon Prime Video.

"Judas e o Messias Negro"

"Judas e o Messias Negro" conta a história de Fred Hampton, ex-presidente do partido dos Panteras Negras de Chicago e de sua relação com William O'Neal, integrante infiltrado do FBI no partido.

Onde assistir: o filme estreou no Brasil em fevereiro, ainda não está em nenhuma plataforma de streaming.

"Minari"

A premissa de "Minari" é simples: contar a história de uma família de imigrantes coreanos tentando se instalar nos Estados Unidos dos anos 80. O filme já é um marco de diversidade por ser falado em coreano em boa parte da história, algo não muito comum nem muito bem aceito entre os estadunidenses.

Onde assistir: confira o cinema da sua cidade.

"A Voz Suprema do Blues"

A adaptação da peça teatral de August Wilson conta a história de Ma Rainey, a "Mãe do Blues", durante uma gravação nos anos de 1920. Em meio a esse cenário, o filme traz debates sobre racismo, machismo, sexualidade e combate às desigualdades.

Onde assistir: está disponível na Netflix.

"Nomadland"

Um dos mais cotados para levar a estatueta de melhor filme, "Nomadland" mostra a história de uma mulher que, depois de perder tudo (inclusive a própria cidade!) com a crise econômica de 2008 decide viver uma vida nômade pelos Estados Unidos.

Onde assistir: ainda não estreou no Brasil.