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Conversa de Portão #28: Mulheres negras debatem as eleições de 2022

De Ecoa, em São Paulo

18/04/2021 06h00

Depois da anulação das condenações de Lula na Lava Jato em março, o ex-presidente voltou a ser elegível e movimentou a discussão sobre a futura disputa presidencial.

No 28º episódio do podcast, a cientista política Fhoutine Marie e ouvintes do podcast falam sobre as perspectivas e desafios para 2022.

"Acho que o primeiro problema que a gente vai ter [na próxima eleição] é a estrutura para as candidaturas populares. Sempre foi muito difícil para as mulheres negras, indígenas, jovens, mas vai piorar. Elas encontram barreiras em todos os lugares e também dentro das próprias estruturas partidárias, mesmo [de partidos] progressistas", disse a jornalista Karina Gomes (a partir de 10:16 do arquivo acima), de Osasco.

Com relação ao retorno de Lula à arena eleitoral, a cientista política Fhoutine Marie avalia que o fato recente fez surgir um candidato que teria força para derrotar o atual presidente nas próximas eleições.

Mas fez ressalvas à ideia de que sua figura seja a solução para todos os problemas. "Acho perigosíssimo esse personalismo que é muito característico da política brasileira", disse (a partir de 6:09 do arquivo acima).

Iva Mendes, do movimento de educação de jovens e adultos da Brasilândia, teme que Bolsonaro possa vencer novamente, mas conta com a candidatura de Lula.

"Acho que as eleições de 2022 são a única esperança que nós temos de mudar a situação de hoje. A periferia é quem mais vem sofrendo com esse desmonte das políticas públicas. Provavelmente o Lula vai concorrer às eleições, é o que espero. Então talvez nós tenhamos essa esperança, de que se o Lula se candidatar, talvez ele ganhe", disse (a partir de 29:52 do arquivo acima).

Já a jornalista Karina Gomes acredita ser necessária uma nova receita para mudar a conjuntura.

"Não acho que [a representação] tem que estar nas costas de uma pessoa. O pensamento progressista vai ter que evoluir nesse sentido. ele vai ter que entender que nós teremos de ser muitos, em muitos lugares e com várias cores. O rosto preto, indígena, feminino, o trans, periférico, o nordestino, nortista vai ter que aparecer mais. A gente vai ter que unir a experiência do que veio antes de nós e a atitude, a coragem, a capacidade de sonhar de quem tá aí entrando na luta agora", defendeu (a partir de 32:23 do arquivo acima).

O Conversa de Portão é um podcast produzido pelo Nós, Mulheres da Periferia em parceria com UOL Plural, um projeto colaborativo do UOL com coletivos e veículos independentes. Novos episódios são publicados toda terça-feira.

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