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Nepal registra crescimento de 16% no número de rinocerontes

National Trust for Nature Conservation (NTNC)/Divulgação
Imagem: National Trust for Nature Conservation (NTNC)/Divulgação

Carolina Vellei

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

17/04/2021 06h00

A cada cinco anos, o governo do Nepal assume a desafiadora tarefa de contar seus rinocerontes para monitorar sua situação na natureza. A contagem é realizada para o planejamento e a avaliação da eficácia do manejo nessas regiões, além de orientar as estratégias de conservação dos animais do país.

A Contagem Nacional de Rinocerontes 2021, divulgada em abril, mostrou aumento de 16,6% na população em comparação com o último censo. Em 2015, foram localizados 645 rinocerontes. Já em 2021, esse número subiu para 752.

Liderada pelo Departamento de Parques Nacionais e Conservação da Vida Selvagem do Nepal, a pesquisa ocorreu durante o período de 22 de março a 10 de abril e cobriu áreas dentro do país onde vivem os rinocerontes, incluindo os parques de Chitwan, de Parsa, de Bardia e de Shuklaphanta.

Outros órgãos de proteção ambiental também colaboraram na tarefa, como o Exército do Nepal, o Comitê de Usuários da Zona de Proteção, WWF Nepal, ZSL Nepal e outras organizações locais.

Passo a passo para a contagem

A tarefa de contar rinocerontes não é simples. A operação movimentou, ao todo, 57 elefantes e 350 técnicos, em sua maioria funcionários dos parques nacionais.

Os técnicos de pesquisa usaram o método de captura direta e se movimentavam pelos campos usando elefantes como meio de transporte. As equipes se movem em paralelo, varrendo possíveis habitats. Os animais podem ser avistados a uma distância de 50 a 100 metros.

As estimativas de populações de rinocerontes são baseadas em informações individuais coletadas, categorizadas com base em estatísticas como sexo e faixa etária. Durante o processo, também são coletados dados sobre as condições do habitat, espécies invasoras e atividades humanas na região.

Uma missão perigosa

Técnicos de pesquisa se movimentam pelos campos montados em elefantes - National Trust for Nature Conservation (NTNC)/Divulgação - National Trust for Nature Conservation (NTNC)/Divulgação
Técnicos de pesquisa se movimentam pelos campos montados em elefantes
Imagem: National Trust for Nature Conservation (NTNC)/Divulgação

Apesar das preparações e precauções, como qualquer outro trabalho de campo relacionado à vida selvagem, existem riscos envolvidos. Os principais são relacionados à exaustão (os técnicos passam de 8 a 12 horas na floresta todos os dias) e a encontros com animais selvagens. Quedas do alto das costas dos elefantes são comuns e diversos profissionais acabaram se ferindo durante a contagem.

No entanto, o censo desta vez foi particularmente desafiador. Além dos obstáculos relacionados à pandemia, aconteceram dois incidentes graves com a equipe. O primeiro deles, fatal, ocorreu com um elefante do Parque Nacional de Bardia, morto por um tigre. O segundo aconteceu com um oficial do programa de contagem, que precisou ser hospitalizado devido a um ataque de elefante selvagem na região de Chitwan.

Mas o trabalho rendeu boas notícias também. Segundo Gana Gurung, representante da organização WWF Nepal, o aumento da população de rinocerontes prova a eficácia dos esforços contínuos de proteção e gestão de habitat das áreas protegidas. "Esta conquista é mais um marco na jornada de conservação do Nepal, mostrando o impacto dos esforços conjuntos de todas as partes interessadas e fornecendo o impulso necessário para a fraternidade de conservação global", comemora.