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Existem opções para substituir o açúcar e os edulcorantes artificiais?

Estévia - iStock
Estévia Imagem: iStock

Giacomo Vicenzo

Colaboração para Ecoa, de São Paulo (SP)

18/03/2021 04h00

No cafezinho, no suco ou na sobremesa, o açúcar sempre está presente na nossa mesa. O carboidrato cristalizado adoça muitos dos pratos e bebidas que fazem parte do nosso dia a dia.

Para os que têm restrição ao alimento por dietas ou doenças, como o diabetes, os edulcorantes artificiais por vezes são uma escolha, mas não totalmente saudável. Um estudo publicado na revista científica Molecules revelou que pelo menos seis adoçantes artificiais têm efeitos tóxicos no intestino, entre eles o aspartame, sucralose, sacarina, neotame, advantame e acesulfame de potássio.

Os nomes acima te lembraram de produtos do seu armário? Se você faz uso dessas substâncias no dia a dia, saiba que é possível encontrar alguns tipos de adoçantes naturais para substituir o açúcar e os edulcorantes artificiais da sua dieta.

"Prefiro não indicar adoçantes químicos aos meus pacientes. Com o tempo essas substâncias podem liberar toxinas no organismo. Defendo a alimentação mais natural possível", comenta a nutróloga Valéria Goulart, especialista em terapia nutricional. Ecoa trouxe algumas dicas e curiosidades sobre o tema com a ajuda da profissional, confira a seguir.

Quais tipos de adoçantes naturais podem substituir o açúcar e os edulcorantes artificiais da dieta?

Xilitol - iStock - iStock
Xilitol
Imagem: iStock

Se a ideia é buscar por uma alimentação mais natural, mas sem abrir mão do sabor adocicado de alguns pratos, os adoçantes naturais são uma boa alternativa.

"O adoçante natural é aquele encontrado em frutas e outros vegetais, são aqueles que chamamos de edulcorantes. Eles são utilizados para substituir o açúcar em dietas com restrições alimentares, para perda de peso e para diabéticos, por exemplo, pois não elevam a glicose", explica Goulart.

Outro benefício de usar esse tipo de adoçante é o seu valor calórico reduzido. Ecoa pediu que Goulart listasse os edulcorantes naturais disponíveis no mercado e suas principais características, confira:

Adoçantes naturais:

1. Xilitol

Extraído da fibra de vegetais e de frutas como a framboesa e a ameixa, esse adoçante natural pode ser encontrado em alguns alimentos prontos, ou comprado em pó. Tem 40% a menos de calorias em comparação com o açúcar refinado.

"É o mais indicado nas dietas de restrição de açúcar. Principalmente pela aparência e gosto serem mais parecidos com o açúcar. Mas abusar dessa substância pode causar estufamento, gases e até diarreia", alerta a nutróloga.

2. Estévia

Este se tornou mais popular nos últimos anos, chegando ao mercado em meados de 2008. É feito a partir de uma planta nativa da América do Sul e tem um forte poder de adoçante, podendo ser de 200 a 400 vezes mais doce que o próprio açúcar.

3. Eritritol

Obtido de frutas, vegetais e do milho, esse tipo de adoçante natural ainda é capaz de evitar o sabor residual, aquela sensação de amargor, geralmente causada logo após a ingestão.

4. Agave

A mesma planta que faz a forte tequila também é matéria-prima para o adoçante natural e conta com vitaminas: C, A e riboflavina.

"Este adoçante não é indicado para diabéticos, pois, mesmo em baixa concentração, contém glicose. Deve ser usado com moderação, seu excesso faz mal e está relacionado à síndrome metabólica, que é um conjunto de sintomas no organismo que aumentam o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes", alerta Goulart.

5. Frutose

O melhor benefício da frutose é o seu poder adoçante — até 170 vezes maior que o da sacarose, nosso açúcar comum. Sendo assim, apesar de não ter uma quantidade calórica reduzida, o seu uso em menor quantidade auxilia na ingestão de menos calorias diárias.

6. Mel e açúcar de coco

Ambos são adoçantes naturais, mas não são indicados para diabéticos, por exemplo, pois fazem o nível de glicose subir ao serem consumidos.

Adoçante faz mal?

Os adoçantes conhecidos como não nutritivos, ou seja, sem calorias, por vezes são alvos de polêmicas. O Centro para Ciência no Interesse Público, grupo americano de defesa ligado a alimentos, se mostrou crítico ao uso da estévia, e alegou que a FDA, agência norte-americana reguladora de alimentos e medicamentos, equivalente a Anvisa no Brasil, deveria ter exigido mais testes antes que a substância se tornasse tão presente nas prateleiras de mercado e nas mesas dos que decidiram substituir o açúcar refinado.

De forma geral, a nutróloga Valéria Goulart afirma que os riscos de uso desses adoçantes são mínimos, mas existem na maioria das vezes nos excessos.

"Tudo em excesso faz mal. O ideal é usar a quantidade especificada pelo endocrinologista, nutrólogo ou nutricionista. Alguns edulcorantes trazem alterações no trato gastrointestinal, outros alteram o índice glicêmico e outros podem acometer a síndrome metabólica", explica.

Usar adoçante faz emagrecer?

Um dos maiores vilões possíveis na dieta é o açúcar refinado, ou branco, mas somente substituí-lo pelo adoçante não faz milagres na hora de perder peso ou para manter uma vida saudável.

"O açúcar não é apenas aquele pó branco que usamos em doces ou para adoçar o cafezinho. O carboidrato considerado ?ruim? se torna uma grande fonte de açúcar no organismo também, como os pães e massas, que no processo de metabolização também se transformam em açúcar", diz Goulart.

A nutróloga ainda orienta que para manter hábitos de alimentação saudáveis, e emagrecer, se esse for o objetivo, é preciso escolher alimentos com carboidratos reduzidos no dia a dia.

Goulart reforça o alerta sobre o consumo excessivo de açúcar refinado. "O açúcar pode causar predisposição ao diabetes, traz riscos de cáries e de desenvolvimento de doenças cardíacas. Também causa agitação e insônia. A insulina em excesso pode levar ao câncer e até mesmo ao envelhecimento precoce das células".