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Top of Heart: Ranking lista empresas que mais doaram; veja líderes

Selo Top of Heart - Divulgação
Selo Top of Heart Imagem: Divulgação

Giacomo Vicenzo

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

09/02/2021 04h00

Qual a primeira empresa que te vem à cabeça quando se fala em doação? Não importa, essa é uma das ideias centrais do ranking de empresas Top of Heart, no qual participar significa matar fome de quem não pode esperar e isso vale mais do que ficar em primeiro lugar.

Ecoa criou, junto com a Rede Brasil do Pacto Global e Ação da Cidadania, uma campanha que lista as empresas que mais doaram para o Natal Sem Fome, em 2020. O foco é dar visibilidade às organizações que se comprometem em participar de soluções conjuntas para amenizar problemas sociais.

Foram mais de 3.000 toneladas de alimentos doados a quase 1 milhão de brasileiros, que enfrentaram a pior face do novo coronavírus em meio à pandemia, que não só mudou a rotina de todos, como endureceu ainda mais a vida dos quase 85 milhões de brasileiros que já conviviam com algum tipo de insegurança alimentar entre 2017 e 2018, de acordo com os últimos dados divulgados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, ressalta que no ano passado a crise instaurada pela pandemia de covid-19 levou ao entendimento que a ajuda humanitária é essencial neste momento de grande vulnerabilidade.

"Estamos vendo milhões de brasileiros voltarem para a linha da extrema pobreza, juntando-se aos milhões que já se encontravam nesta situação, e as empresas podem contribuir para amenizar um pouco deste sofrimento. Ingressamos nesse grande movimento de sensibilização das empresas", diz Pereira.

Se doar é essencial, criar uma forma de reconhecer o comprometimento também é necessário, tanto para as organizações, quanto para a sociedade civil.

"A ideia é dar visibilidade para essas empresas que estão engajadas para ajudar as famílias nesse momento de crise. É importante que as organizações doem e que a sociedade saiba quem está participando desse movimento", defende Rodrigo "Kiko" Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania, sobre a criação do ranking Top of Heart.

Conheça as empresas que fazem parte do Top of Heart:

· ALE

· Ancar

· B3: a bolsa do brasil

· Camil

· CCR

· Eletromidia

· IFood

· instituto alok

· Johnnie Walker

· Mastercard

· Mercado Pago

· PagSeguro/Pagbank

· Vale

Parte dos lucros tem de voltar à sociedade

Para Rodrigo "Kiko" Afonso a chegada do novo coronavírus está ajudando a criar uma espécie de consciência social no setor empresarial e levantando a importância de um canal de troca com o meio em que essas organizações estão inseridas. "No Brasil, a pandemia de covid-19 trouxe uma alavanca para que as empresas entendam o seu papel em tudo isso. Não só na questão da doação, mas a sua importância social em relação ao que tem que retornar à sociedade, pensando no lucro que é obtido da própria empresa", explica.

O diretor-executivo da Ação da Cidadania transparece otimismo e identifica um movimento empresarial, que antes era muito mais informal, mas que hoje tem se mostrado cada vez mais comprometido com os pilares sociais.

"Várias empresas têm criado suas áreas de responsabilidade social. Isso não estava no plano de metas da empresa. Era destinado para alguém do Recursos Humanos, não havia uma área para isso. Mas hoje vejo que isso está mudando", explica.

A concentração da desigualdade está cada vez mais escancarada. Os gastos com alimentação das famílias mais ricas são 165,5% maiores que a renda total das famílias mais pobres, de acordo com o Estudo sobre a Cadeia de Alimentos, conduzido pelo economista Walter Belik, junto com o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).

"A pandemia extrapolou e abriu os olhos da mídia e da sociedade para um tema que está aí desde 2016. Há um aumento dramático da extrema desigualdade e da fome. Esse problema ficou evidente nesse momento de crise", aponta Afonso.

E ainda diz que o caminho para saída da crise é longo: "Setor privado, a sociedade civil e a mídia, todos se mobilizaram em torno desse tema, mas é algo que não acaba com uma simples mobilização. Vai demorar décadas para o problema ser solucionado e requer atenção contínua de todos esses atores, porque a fome é inaceitável".