Conversa de Portão #20: Como o culto a Iemanjá cresce num país intolerante
Comemorado em 2 de fevereiro, o dia de Iemanjá é celebrado há mais de um século com uma festa na qual oferendas são lançadas ao mar para o orixá, cultuado nas religiões de matriz africana.
O 20º episódio do Conversa de Portão conversou com a Ialorixá Luciana de Oyá e com a Egbomi Telma de Iemanjá, que falaram sobre a importância da divindade e o que ela representa.
"Explicar as Yabás, essas grandes mulheres, é explicar o poder feminino colocado em sua grande potência na luta e na perseverança. Como mãe Iemanjá, que traz o equilíbrio, que zela pelos filhos e também pelo fortalecimento espiritual", disse a Ialorixá (a partir de 6:20 do arquivo acima).
Filha da rainha do mar, a Egbomi Telma de Iemanjá falou sobre sua visão dos orixás, ligada à natureza. "O culto ao orixá é o culto à natureza. Ela dá tudo pra gente, é pena que a gente não saiba cuidar. Orixá é isso, é o ar que a gente respira, é a terra que a gente pisa, é a mata de onde a gente pega uma fruta no pé, é uma folha que serve para remédio", disse (a partir de 8:53 do arquivo acima).
O programa também aborda a intolerância religiosa crescente no país, direcionada às religiões de matriz africana. Para a Ialorixá Luciana de Oya, um caminho para combater esse tipo de agressão é ter mais pessoas difundindo informações sobre orixás e desconstruindo o preconceito de que o candomblé é uma "religião demoníaca". A Egbomi Telma de Iemanjá considera que falta respeito às crenças.
"As pessoas estão muito intolerantes. A fé está muito distante e talvez dia 2 de fevereiro seja o dia em que ela está ali, o dia em que Iemanjá está mostrando que não existe diferença entre pessoas, quem faz essa diferença somos nós", disse a Egbomi Telma de Iemanjá (a partir de 19:02 do arquivo acima).
A Ialorixá Luciana de Oya vê contradição e desrespeito na forma como muitas pessoas dizem presentear a divindade jogando garrafas no mar e sujando as praias.
"A maioria das pessoas que vão levar oferenda para Iemanjá no dia 2 não tem compromisso [com o candomblé]. Elas ouviram que aquilo é bom, igual a um chá, sabe? Mas não têm minimamente um compromisso com a divindade. Na minha avaliação, elas têm compromisso com aquilo que querem naquele momento", afirmou (a partir de 18:00 do arquivo acima).
O Conversa de Portão é um podcast produzido pelo Nós, Mulheres da Periferia em parceria com UOL Plural. Novos episódios são publicados toda terça-feira. Este episódio teve produção de Carol Moreno, direção musical de Sabrina Teixeira Novaes, trilha sonora e edição de som por Sabrina e Camila Borges.
Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Conversa de Portão, por exemplo, no Youtube, no Spotify, no Google Podcasts e no Deezer.
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