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Conversa de Portão #6: Como acolher as famílias na pandemia?

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

18/10/2020 04h00

Quais são as saídas individuais e coletivas para os impactos diversos do cenário de pandemia nas crianças e nas famílias? Essa é a discussão do quinto episódio do Conversa de Portão. A apresentadora Mayara Penina entrevista a psicóloga Ana Paula Pereira, especialista em saúde coletiva e parte da coordenação pedagógica do curso de residência em saúde coletiva com foco na primeira infância da Universidade Federal da Bahia, e conversa sobre os desdobramentos do cenário atual no desenvolvimento infantil.

"Tem todo um contexto desse momento que acirra muito mais as desigualdades", diz Ana Paula (a partir de 14:56 do arquivo acima). Essa é uma das coisas a ser levada em conta não apenas na compreensão do panorama, mas também no acolhimento - a individualidade de cada família."Considerando diferentes realidades dessa famílias, é possível manter esse vínculo e estar próximo, acolhendo as demandas e vendo onde é que tá a dificuldade dessas famílias, podendo orientá-las. Entendendo a realidade de cada um e vendo o que é possível", afirma (a partir de 16:20 do arquivo acima).

Ana Paula usa como exemplo uma aflição comum às famílias nesse período: o aumento do uso de eletrônicos pelas crianças. "Algumas famílias têm relatado 'é o momento em que eu consigo fazer alguma coisa'", conta (a partir de 16:42 do arquivo acima). "Não tem como eu julgar essa família e dizer que ela está totalmente equivocada e precisa dispor de um tempo para ficar com essa criança. Eu preciso ver, dentro da realidade dela, o que é que ela consegue reservar para essa criança. Por exemplo, esse uso do celular, como é que a gente torna mais interativo?"

Então, cada caso deve ser encarado em sua singularidade. E ainda que todos enfrentem a suspensão da escola, outros obstáculos são diversos: pais que precisam sair para trabalhar, as condições de moradia, a ruptura da rede de apoio, o impacto financeiro.

É claro que quem tem mais acesso e amparo, de maneira geral, terá também mais recursos para lidar com as dificuldades. Por isso, fortalecer a própria sociedade é um dos caminhos coletivos. "Uma das coisas importantes é o fortalecimento dos movimentos sociais", diz Ana Paula (a partir de 15:44 do arquivo acima). "Isso é importantíssimo para que a gente consiga não retroceder mais do que já retrocedeu. Uma das outras coisas que a gente tem visto a importância é de cada vez mais essa integração de saúde, educação e assistência social".

"A gente precisa, de fato, unir forças nesse sentido e entender que as famílias precisam ser apoiadas. Não tem como darem conta sozinhas. E está na Constituição: é dever do Estado", afirma (a partir de 17:56 do arquivo acima).