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Como funciona o banco de alimentos que ganhou o Nobel da Paz?

Refugiados iraquianos, que deixaram as suas casas após uma ofensiva liderada pelo Estado Islâmico, recebem sacos de comida doados pelo Programa Alimentar Mundial na cidade de Basra, no Iraque, em 2014  - Mohammed Ali Haidar/AFP
Refugiados iraquianos, que deixaram as suas casas após uma ofensiva liderada pelo Estado Islâmico, recebem sacos de comida doados pelo Programa Alimentar Mundial na cidade de Basra, no Iraque, em 2014 Imagem: Mohammed Ali Haidar/AFP

Diana Carvalho

De Ecoa, em São Paulo

10/10/2020 04h00

Os números chamam atenção. 97 milhões de pessoas atendidas em 88 países. Em média, 5.600 caminhões, 30 navios e quase 100 aviões estão na ativa diariamente, entregando alimentos e outros tipos de assistência a quem precisa. Todo esse esforço tem um objetivo: acabar com a fome e alcançar a segurança alimentar até 2030.

Esse é o trabalho do Programa Mundial de Alimentação (PMA) da ONU (Organização das Nações Unidas), que ganhou o Nobel da Paz deste ano.

Maior organização humanitária em combate a fome, o PMA não visa apenas a distribuição de comida, que ocorre principalmente em situações de emergência, mas sim trabalhar a educação nutricional de famílias em situações de vulnerabilidade. Em 2019, forneceu merenda escolar para mais de 17,3 milhões de crianças em 50 países, geralmente nas áreas mais difíceis de alcançar.

A atuação de emergência do órgão acontece ainda em regiões onde pessoas estão fugindo de áreas de conflito. "Garantir que o alimento chegue a quem precisa também ajuda a criar um ambiente de paz e estabilidade. Há uma correlação comprovada entre fome e conflitos. Locais onde há fome ficam suscetíveis a conflitos e guerras. Resolvido o problema da fome, estaremos mais próximos de atingir a paz", diz Daniel Balaban, diretor do Centro de Excelência Contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP, na sigla inglês) da ONU no Brasil.

Criado em 1961, a pedido do então presidente dos Estados Unidos Dwight Eisenhower, para atuar em locais com desastres naturais ou em zonas de conflito, a primeira ação do programa da ONU aconteceu um ano depois, após um terremoto no Irã, que matou mais de 12 mil pessoas e deixou centenas de famílias sem abrigo. Na ocasião, o PMA enviou alimento aos sobreviventes. Com a iniciativa se consolidando ano após ano, enfrentou um de seus maiores desafios para combater a fome na Etiópia em 1984, quando arrecadou 2 milhões de toneladas de alimentos. Em 1989, lançou uma megaoperação com um consórcio de agências da ONU e outras instituições ao lado da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), para liberar 1,5 milhão de toneladas de alimentos para regiões afetadas pela guerra civil no sul do Sudão.

Recentemente, além dos esforços para combater a fome e a pobreza durante a pandemia de Covid-19, o Programa Mundial de Alimentação intensificou as ações no Líbano depois da explosão que aconteceu em um terminal do Porto de Beirute, em agosto. Foram enviados suprimentos e 17,5 mil toneladas de farinha de trigo, com objetivo de manter a oferta do produto e baixar o preço do pão na região.

Hoje, 820 milhões de pessoas estão passando fome no mundo. Com a pandemia, esse número pode ter um aumento de 270 milhões. Para se manter presente em diversos países pelo mundo, o PMA tem parceria com mais de 1.000 ONGs nacionais e internacionais e trabalha com duas organizações sediadas em Roma, a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola. O órgão é inteiramente financiando por doações e conta com 17 mil funcionários em todo o mundo.

Como ajudar

Centro de Excelência Contra a Fome

As doações para o programa no Brasil podem ser feitas em qualquer valor, via cartão de crédito, boleto bancário ou pagamentos digitais, diretamente no site da instituição.

WFP

Assim como doações de qualquer quantia, a matriz do Programa Mundial de Alimentos da ONU oferece assinaturas mensais para quem quer ajudar a instituição de maneira mais permanente. Também é possível se tornar um voluntário no programa.