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Especialistas cobram protagonismo do Brasil na luta contra crise climática

Foto tirada em 15 de agosto de 2020 mostra queimada ilegal na Amazônia, em Novo Progresso (PA) - Carl de Souza/AFP
Foto tirada em 15 de agosto de 2020 mostra queimada ilegal na Amazônia, em Novo Progresso (PA) Imagem: Carl de Souza/AFP

Cleberson Santos

Colaboração para Ecoa, de São Paulo

10/09/2020 04h00

Talvez tenhamos que conviver com mais epidemias virais, como a do novo coronavírus, se não conseguirmos diminuir os impactos das mudanças climáticas com urgência. Essa é a avaliação do Dr. Johan Rockstrom, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático. Ele foi um dos convidados da live "A importância do combate às mudanças climáticas para a retomada econômica", organizada pela Rede Brasil pelo Pacto Global e transmitida ontem (9) por Ecoa.

O encontro discutiu sobre a necessidade de tomar ações que visem reverter a crise climática e também contou com a participação de Pavan Sukhdev, CEO da GIST Advisory e presidente da WWF Internacional. De acordo com ele, o mundo enfrenta outras duas crises além da pandemia. Uma crise de clima e uma de emprego.

"Os indicadores de mercado podem nos fazer concluir outras coisas, que estamos em alta, mas infelizmente não é assim. O desemprego é uma grande preocupação, principalmente nos países da África, onde se concentra nos mais jovens. Estou menos preocupado com a perda de produção em grandes economias, como a Europa e Estados Unidos. Agora temos desastres relacionados ao clima, mortes de mais de um milhão de pessoas no mundo inteiro e a taxa de desemprego como resultado de tudo isso", afirmou Pavan.

Para ambos, o Brasil tem um papel importante na reversão desse quadro. Dr. Johan comentou sobre a necessidade de cuidados com a Amazônia e o risco eminente de a floresta atingir um ponto irreversível de desmatamento por conta da falta de chuvas e queimadas, e virar uma savana.

Já Pavan cobrou do Brasil um maior protagonismo na proteção do seu principal bioma: "vocês precisam tomar a liderança em suas mãos. E quando digo vocês, me refiro aos cidadãos, às empresas, aos bancos", declarou o empresário.

Outro ponto em comum citado pelos dois convidados foi a Lei de Carbono, que visa zerar as emissões de CO2 até 2050. De acordo com Pavan, a meta é conseguir reduzir à taxa de emissão pela metade a cada década e que a pandemia está ajudando a alcançar a previsão de redução de 2020.

"Graças à crise da Covid, que é a pior forma de alcançar uma meta das Nações Unidas, nós baixamos 7%, mas temos a infeliz estatística da perda de 1 milhão de vidas. A abordagem desastrosa é sempre muito pior que fazer as coisas de forma planejada", disse.

A redução do carbono é importante para conseguir frear o aumento da temperatura e os impactos da crise climática. Dr. Johan lembrou que os últimos 19 anos estão entre os 20 mais quentes da história e que isso afeta o planeta de diversas formas: "as temperaturas recordes em Brasil e na Sibéria, os incêndios na Califórnia, as secas no leste da África, a falta de alimentos no meio de uma pandemia. Tivemos um ano muito tenso em relação ao clima".

Por fim, ambos os convidados deram atenção aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS's). Pavan lembrou que todos os 17 objetivos organizados pela ONU estão interconectados e que não podem ser escolhidos "como em um menu de restaurante". Já o Dr. Johan lembrou do compromisso pessoal de cada cidadão para com as metas:

"Estamos na fase do desenvolvimento das pessoas, para nos tornarmos guardiões das ODS's, independente se estamos em Estocolmo, Nova Déli ou São Paulo. Nós temos que ser os defensores".