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Festival 'Ecofalante' traz filmes sobre questões ambientais e sociais

Trecho do filme "Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar", de Marcelo Gomes - Reprodução/Ecofalante
Trecho do filme 'Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar', de Marcelo Gomes Imagem: Reprodução/Ecofalante

Da Agência Brasil

10/08/2020 12h25

A mostra Ecofalante, focada em filmes com temas socioambientais, chega à 9ª edição na quarta-feira (12) com 98 filmes produzidos em 24 países. Devido à pandemia do novo coronavírus, o evento ocorrerá virtualmente. As apresentações vão até o dia 20 de setembro.

Chico Guariba, diretor do festival, diz que tentou enxergar as dificuldades impostas pela pandemia como uma possibilidade para chegar a novos públicos.

"Encarar isso como uma oportunidade e fazer uma grande mostra digital. Vamos fazer um trabalho para atingir o Brasil inteiro, ampliar o público da mostra que só tinha acesso em São Paulo e nas itinerâncias", afirma.

Como assistir

A crise gerada pela pandemia trouxe dificuldades, relata Guariba. O diretor conta que a mostra perdeu 40% do financiamento que tinha até o início do ano.

"A gente perdeu uma parte dos recursos públicos, que foram para hospitais", relata.

Mesmo assim, o festival se reorganizou e estará disponível em três plataformas, além da própria página da mostra. A programação poderá ser vista gratuitamente no Videocamp e na Spcine Play.

Trabalho e moradia

Entre os temas que têm força nas produções deste ano estão as questões ligadas ao trabalho e à moradia.

"A nossa relação com o meio ambiente é através do trabalho. Você fica trancado em um ambiente por causa do trabalho. Metade da sua vida você passa trabalhando", explica Guariba sobre como essas relações chegam às telas.

A mostra latino-americana do festival traz oito filmes, e em três as narrativas passam por questões ligadas ao trabalho.

Em "Estou Me Guardando para Quando o Carnaval Chegar", dirigido por Marcelo Gomes, é retratada a cidade de Toritama, um pequeno município do interior de Pernambuco onde todas as famílias se tornaram pequenas empresas que costuram calças jeans para grandes marcas.

Classificados como empreendedores, os trabalhadores não têm direitos, exercem suas funções dia e noite, aguardando ansiosamente o Carnaval, praticamente único momento de lazer da comunidade.

Trecho do filme "Push: Ordem de Despejo", de Fredrik Gertten - Reprodução/Ecofalante - Reprodução/Ecofalante
Trecho do filme "Push: Ordem de Despejo", de Fredrik Gertten
Imagem: Reprodução/Ecofalante

No panorama internacional, a produção sueca "Push: Ordem de Despejo" se aprofunda nas repercussões causadas pela transformação do mercado de moradia em uma forma de lucro por grandes investidores.

Dirigido por Fredrik Gertten, o filme acompanha o trabalho da relatora especial da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o Direito à Moradia, Leilani Farha.

"Um filme que trata da financeirização do mercado imobiliário. É meio ambiente porque está mudando o perfil de zoneamento e ocupação das cidades, as pessoas têm mais dificuldade para ter moradia", enfatiza Guariba.

Histórias da floresta

Em "Amazônia Sociedade Anônima", o diretor brasileiro Estêvão Ciavatta mostra a liderança do cacique Juarez Saw Munduruku, que une povos ribeirinhos e indígenas no combate às máfias de roubo de terra e desmatamento ilegal.

O colombiano "Suspensão", de Simón Uribe, traz histórias ao redor de uma prepotente obra inacabada no meio da selva.

Os filmes ficarão disponíveis por períodos que variam de 24 horas a 10 dias, por isso, é preciso que o público se programe para aproveitar a mostra.

Além das exibições, poderão ser vistas entrevistas com 10 diretores de peso internacional e serão promovidos ao menos 40 debates em universidades.