Manifestos buscam transformar apoio em compromisso antirracista real
Pelo menos dois manifestos - bastante diferentes entre si, especialmente na origem - foram lançados nos últimos dias com o propósito de transformar discurso em ação. Duas semanas depois da Blackout Tuesday, a bandeira antirracista está desfraldada. Mas como só chamar de linda não vai hastear nada, movimentos e aliados buscam o compromisso de diversos setores com ações, de fato antirracistas.
A Coalizão Negra por Direitos, que representa mais de cem entidades do movimento negro de todo o Brasil, lançou neste domingo (14) o documento "Com Racismo Não Há Democracia", em que pede que "pratiquem o que discursam". Com mais de 3 mil assinaturas em 24 horas, o manifesto reúne nomes célebres de áreas diversas, como Martinho da Vila, o publicitário Celso Loducca, Zélia Duncan, Caetano Veloso, o empresário Oded Grajew e estrangeiros como Danny Glover e Valter Hugo Mãe. Mais do que um abaixo-assinado, a iniciativa traz um programa de propostas para que o racismo seja assunto central "como forma de construir a democracia".
"Viemos a público exigir a erradicação do racismo como prática genocida contra a população negra", diz o manifesto logo em sua primeira parte. A mesma Coalizão já conduz uma contundente campanha nesse sentido: a Alvos do Genocídio, criada para que os cidadãos se manifestem e cobrem dos veículos de comunicação o uso do termo "genocídio" para descrever o assassinato sistemático de brasileiros negros.
Sabendo que o primeiro passo para resolver um problema é que ele seja reconhecido como tal, o grupo apresenta dados contundentes que embasam sua reivindicação. Se 71% das pessoas assassinadas no Brasil são negras, assim como 75% dos mortos pela polícia e 91% das crianças vítimas de bala perdida, e se até policiais negros morrem mais do que não-negros, mesmo sendo apenas um terço da corporação, fica difícil não reconhecer a racialização nas mortes violentas no Brasil.
Empresas antirracistas
Partindo do princípio que "não precisamos de mais pessoas negras morrendo para ter um engajamento contínuo na pauta racial", um outro manifesto cobra "comprometimento público de pessoas e empresas que entendem que vidas negras importam". O Seja Antirracista parte de uma perspectiva de corporações para criar práticas de combate ao racismo em ambientes tradicionalmente dominados pela branquitude - como as empresas.
Ainda no universo corporativo, a consultoria de inovação social Think Eva reuniu uma lista mastigada de projetos e ferramentas auto-organizados, facilitando recursos para que o mundo corporativo amplie as possibilidades para pessoas negras no mercado de trabalho.
Você pode conhecer a lista aqui.
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