Topo

Em 12 horas, campanha levanta R$ 100 mil para internet de 2 mil estudantes

Morador do Complexo da Maré (RJ), Luiz Menezes se arrisca em busca do sinal de Internet para estudar - Gabriel Sabóia/UOL
Morador do Complexo da Maré (RJ), Luiz Menezes se arrisca em busca do sinal de Internet para estudar Imagem: Gabriel Sabóia/UOL

Carina Martins

Colaboração para Ecoa, em São Paulo

10/06/2020 18h43

O projeto é promissor: em menos de 12 horas, a campanha 4G Para Estudar arrecadou 100 mil reais, o suficiente, segundo a organização, para a compra de pacotes de internet para mais de dois mil estudantes. Agora, a meta é acrescentar mais cinco mil alunos de cursinhos comunitários pré-vestibular aos atendidos, atingindo a meta de 350 mil arrecadados.

Isso é o necessário para pagar esses pacotes de dados por um mês. Ou seja, apesar do sucesso imediato, em médio prazo, a empreitada é dura. Por isso, os organizadores também trabalham pressionando as operadoras de telefonia para que cedam seis meses de gratuidade nesses pacotes. "A campanha não se encerra, vamos moldando conforme vai acontecendo", diz Isabela Avellar, coordenadora do 4G Para Estudar. "A gente não estava esperando bater a meta em menos de 12 horas, foi realmente impressionante. Então estamos confiantes de que vamos conseguir atingir mais estudantes e permanecer por mais tempo atendendo esses estudantes. Um passo de cada vez."

Criada pela união de oito redes desses estabelecimentos de ensino, a campanha atende a urgência criada por um imenso passo atrás trazido pela pandemia: com o ensino a distância como norma, a desigualdade de acesso à internet tornou-se sinônimo de desigualdade de acesso à escola. Então os cursinhos pré-vestibulares comunitários, que atuam há anos justamente para diminuir a desigualdade de acesso à universidade pública, se viram diante de um obstáculo triplo.

"A educação é a principal ferramenta de transformação social no Brasil e é essencial que os estudantes mais vulneráveis, negros em sua maioria, possam transformar o sonho da universidade em realidade. Se a pandemia escancarou desigualdades, nossa resposta será a solidariedade", diz o manifesto.

Cerca de 70% das famílias de classe D e E do Brasil não têm nenhum acesso à internet. Isso corresponde a um em cada quatro brasileiros. Cerca de 80% dos alunos matriculados no ensino médio no Brasil são de escolas estaduais, que estão com aulas suspensas. É uma tempestade perfeita para o agravamento de um abismo social de toda uma geração de brasileiros.

Para os cursinhos, a promoção do acesso à internet é necessária para fazer valer a vitória conquistada com o adiamento do ENEM. Todos os envolvidos na campanha 4G Para Estudar participaram - ao lado de 4 mil escolas, dezenas de organizações e 150 mil pessoas - da Sem Aula, Sem Enem. Com o exame adiado, a briga agora é para que os alunos tenham recursos para se prepararem a tempo da nova data.