Morador de Franca (SP) é o 1º a assinar financiamento de casa em braille

O atendente Eliéser Oliveira de Souza, 31, morador de Franca, interior de São Paulo, foi a primeira pessoa com necessidades especiais no país a receber o contrato de financiamento de imóvel redigido totalmente em braille, segundo a Caixa Econômica Federal. O documento da compra de uma casa foi assinado no dia 28 de dezembro.

Eliéser ficou cego aos 20 anos, depois de bater a motocicleta que pilotava na traseira de um caminhão carregado com cimento. Desde então, ele passou a estudar braille, e até hoje, na maioria das vezes, esbarra na falta de acessibilidade. Para ele, ter acesso ao contrato de 135 páginas em braille representou uma grande vitória, assim como a aquisição da sua primeira casa própria."Foi uma surpresa incrível receber o contrato em braille. Para mim foi muito especial, um momento incrível. Ainda está caindo a ficha", diz.

Depois da primeira conquista, Eliéser e a esposa Tatiana Barra de Souza, que são casados há sete anos, aguardam a entrega do imóvel, prevista para outubro de 2021. Mas, apesar de ainda terem que aguardar alguns meses, o atendente já se diz realizado.

"Ter o nosso cantinho é a realização de um sonho. Estamos trabalhando há um tempo para conseguir fazer o financiamento e agora estamos muito felizes"Eliéser Oliveira de Souza

Caixa é pioneira

De acordo com a Caixa Econômica Federal, essa foi a primeira vez no país que um contrato de financiamento habitacional foi totalmente redigido em braille. Segundo a empresa, a medida vale para todos os tipos de financiamentos feitos na instituição financeira, inclusive para as compras de habitação popular, como no caso do Eliéser.

No Brasil, os bancos têm que oferecer um contrato em braille apenas se o cliente solicitar, porém a decisão é nova e pouca gente tem conhecimento.

A determinação que torna obrigatória a utilização do sistema braille por parte dos bancos e instituições financeiras nos contratos de clientes com deficiência visual foi aprovada em abril do último ano, na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, em decisão terminativa.

Segundo a determinação, o consumidor tem o direito à livre escolha do formato acessível entre os meios disponibilizados pelos bancos.