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Estudantes de PE criam papel reciclado que vira planta após ser molhado

Raysa Liandra e Lília Tenório desenvolveram um "papel semente reciclado" que gera mudas de diversas plantas  - Divulgação
Raysa Liandra e Lília Tenório desenvolveram um "papel semente reciclado" que gera mudas de diversas plantas Imagem: Divulgação

Claudia Varella

de Ecoa

11/11/2019 09h35

O que é

Papel reciclado com sementes que pode ser plantado.

Quem criou

Raysa Liandra, 24, e Lília Tenório, 38, de Caruaru (PE).

Por que é legal

Em vez de jogar fora, o papel pode ser plantado, evitando a geração de mais lixo.

E se o papel reciclado se transformasse em árvore? Com essa ideia em mente, duas estudantes de Caruaru (PE) desenvolveram um projeto para produzir papel reciclado com sementes, para a confecção de cartões, convites, envelopes e caixas, entre outros itens. Uma vez molhado, o papel pode ser plantado para virar hortaliças, flores e até árvores.

O projeto, desenvolvido em 2017 durante o curso profissionalizante de assistente administrativo completo no Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), deu tão certo que hoje Raysa Liandra, 24, e Lília Tenório, 38, têm uma empresa para colocar a ideia em prática, a Paper Plant.

Como o papel é feito

Raysa e Lília batem num liquidificador restos de papéis que recebem por parcerias com escolas e escritórios da região, até virarem uma massa úmida de celulose, uma espécie de polpa. Essa massa é moldada novamente na forma de folhas de papel, momento em que são acrescentadas pequenas sementes (de hortaliças, de flores e de árvores).

Na fôrma, elas colocam uma camada de papel reciclado, outra de sementes e, por cima, outra folha de papel. O material é prensado. Depois, é só deixar secar.

Segundo Raysa, as folhas são um pouco mais grossas do que as de papel comum e têm relevos. Podem ser usadas para a confecção de etiquetas, cartões de visita, folders e convites, entre outros itens.

Para plantar, basta colocar o papel sobre a terra e molhá-lo, o que facilita a germinação. Mas também pode-se enterrar o papel picado e molhá-lo, mas, neste caso, a camada de terra deve ser bem superficial. "Para que a germinação não seja prejudicada, é preciso usar apenas tinta à base de água quando for imprimir algo nos papéis", explica Raysa.

A durabilidade do papel pode variar entre seis meses e um ano, dependendo da semestre acrescida nele.

Do projeto à criação da empresa

As duas alunas — e hoje sócias — criaram a empresa Paper Plant, ainda fictícia, em novembro de 2017, no curso técnico de 18 meses, e fizeram ainda um curso complementar de empreendedorismo, de dois meses, também no Cebrac.

Criadoras da Papel Plant mostram o processo de fabricação do papel durante a Feira Nacional de Empreendedorismo - Divulgação - Divulgação
Criadoras da Papel Plant mostram o processo de fabricação do papel durante a Feira Nacional de Empreendedorismo
Imagem: Divulgação
Em abril deste ano, apresentaram o projeto na Feira Nacional de Empreendedorismo (FNE), ocorrida em Londrina (PR). Ganharam o primeiro lugar na categoria Indústria e um prêmio de R$ 2.000. A feira é um evento anual do Cebrac com projetos de seus alunos de todo o país.

"O próprio desafio do curso pedia que a gente criasse uma empresa sustentável, mas que trouxesse um diferencial, para participar da feira. Após pesquisas, percebemos que não havia tido nos últimos ganhadores da feira projetos com papel. Foi aí que tivemos a inspiração de produzir o papel semente", afirmou Raysa.

Em maio deste ano, um mês após a feira, Raysa e Lília formalizaram a criação da Paper Plant. Elas usaram o dinheiro do prêmio e investiram mais R$ 1.000 na empresa, num total de R$ 3.000.

"Os trabalhos ainda são muito esporádicos, mas já estamos vendendo para todo o país, devido à divulgação da nossa empresa no Instagram", declarou Raysa.

No fim de agosto, o projeto participou do Prêmio Latinoamérica Verde, no Equador. O evento é uma promoção da Associação de Ações para a Economia Verde, que busca promover projetos relacionados à sustentabilidade. Neste ano, foram inscritos 2.728 trabalhos de 38 países, e o Brasil participou com 10 projetos. O trabalho de Caruaru ficou entre os 500 melhores.

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