fizeram história

W.E.B. Du Bois lutou pela igualdade para os negros norte-americanos

Por Juliana Domingos de Lima 

Crédito: Cornelius M. Battey/Biblioteca do Congresso Americano

Crédito: Biblioteca Pública de Nova York 

Historiador, sociólogo, escritor e ativista norte-americano, William Edward Burghardt Du Bois — conhecido como W.E.B. Du Bois — foi um dos grandes intelectuais do século 20. Sua obra e atuação tiveram uma influência poderosa na luta contra o racismo nos Estados Unidos e no mundo. 

Du Bois nasceu em Great Barrington, no interior do estado de Massachusetts, em 1868, poucos anos depois da abolição da escravidão nos EUA. Graças aos esforços de sua mãe e da ajuda da comunidade, pôde ter acesso à instrução formal: se formou na Universidade de Fisk em 1888 e continuou seus estudos em Harvard, passando também pela Universidade de Berlim. Foi o primeiro homem negro a receber o título de doutor pela renomada universidade norte-americana. 

Crédito: Biblioteca Pública de Nova York

Eu acredito no orgulho da raça, da linhagem e de si próprio; no orgulho de si tão profundo a ponto de desprezar a injustiça para com os outros

No poema “Credo”, de 1904, no qual proclama sua filosofia sobre a igualdade racial
W.E.B. Du Bois 

Protesto antirracista pelo assassinato de George Floyd na Filadélfia, em 2020

Em “O Negro da Filadélfia” (1899), estudo sociológico pioneiro sobre uma comunidade negra nos EUA, ele rejeita o pressuposto então vigente da inferioridade dos negros e encontra no passado escravista e na exclusão social que se manteve no pós-abolução as raízes para os problemas enfrentados pela população negra da cidade. 

Crédito: Rob Bulmahn/Creative Commons 

O escravo se tornou livre; ficou um breve momento ao sol; então retornou à escravidão

W.E.B. Du Bois
Em “A Reconstrução Negra na América” (1935)

Outra obra fundamental do autor é “As Almas do Povo Negro” (1903). Híbrido de história, literatura, autobiografia e manifesto antirracista, este clássico trata do “estranho significado de ser negro na alvorada do século 20”. Foi uma referência para nomes de peso do movimento negro e da literatura norte-americana, como Martin Luther King Jr., Angela Davis, Toni Morrison e James Baldwin. O livro ganhou uma edição brasileira em março de 2021 pela editora Veneta.

Crédito: Domínio Público

É uma sensação peculiar, essa consciência dual, essa experiência de sempre enxergar a si mesmo pelos olhos dos outros, se medir a própria alma pela régua de um mundo que se diverte ao encará-lo com desprezo e pena

Crédito: Divulgação/editora Veneta

W.E.B. Du Bois
As Almas do Povo Negro”

Convenção da NAACP no início dos anos 1930

Além de ter escrito cerca de 20 livros, atuado como pesquisador e editor, Du Bois também se engajou diretamente no combate ao racismo — e em correntes como o pacifismo e o socialismo. Foi um dos fundadores da Associação Nacional para o Desenvolvimento das Pessoas Negras (NAACP), uma das primeiras organizações norte-americanas criadas em prol dos direitos civis dos negros. 

Crédito: Biblioteca do Congresso dos EUA

W.E.B. Du Bois no Congresso Pan-Africano em Paris, 1919

Ele liderou ainda os Congressos Pan-Africanos realizados no começo do século 20, sendo um dos precursores desse movimento. 

Crédito: Domínio Público

A importância da obra de W.E.B. Du Bois transcende as fronteiras de seu país de origem, os Estados Unidos da América. Seus livros, seus artigos e suas intervenções políticas constituem um dos mais importantes legados intelectuais do século 20.”

Presidente do Instituto Luiz Gama e professor, no prefácio à edição brasileira de “As Almas do Povo Negro”
Silvio Almeida 

Em 1961, já com mais de 90 anos, Du Bois aceitou um convite do então presidente ganês Kwame Nkrumah e emigrou para Gana, onde se dedicou ao projeto de sua “Encyclopedia Africana”, um compêndio de conhecimentos e realizações centrados na África e na diáspora africana. Faleceu na capital de Gana, Acra, em 1963 sem conseguir concluir esse trabalho. 

Crédito: University of Massachusetts Amherst Libraries

Edição: Fred Di Giacomo 

Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Publicado em 19 de junho de 2021