dia da árvore

O que as árvores mais antigas do Brasil ensinam sobre proteção ambiental

Por Juliana Domingos de Lima

Crédito: Bruna Leone Gagetti/Wikimedia Commons

Com idade estimada em cerca de 580 anos, um jequitibá-rosa conhecido como Patriarca é tido como uma das árvores mais antigas do Brasil. Um cálculo anterior feito pelo biólogo Manuel de Godoy, chegou a apontar uma idade de 3 mil anos.  Ele vive em Santa Rita do Passa Quatro, interior de SP, no Parque Estadual do Vassununga, que foi criado em 1970. A árvore tem mais de 40 metros, o que equivale a um prédio de 13 andares.

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Seu tronco tem quase 12 metros de circunferência e requer pelo menos nove adultos para ser abraçado. Já as raízes alcançam 18 metros de profundidade. Estima-se que ao longo de sua existência ele tenha, sozinho, sido responsável pela absorção de 132 toneladas de dióxido de carbono.

Crédito: Mauro Halpern\Wikimedia Commons

A longevidade está entre as características da espécie Cariniana legalis, nome científico do jequitibá-rosa. Mas outros fatores ajudam a explicar a idade avançada do Patriarca, como ter adquirido mecanismos de defesa próprios contra pragas e estar em uma área protegida da ameaça humana.

Crédito: Marcus V. Bellizzi\Wikimedia Commons

Além de abrigar um dos maiores e mais antigos exemplares da espécie, o Parque Estadual do Vassununga possui também a maior população de jequitibás-rosa do país. A espécie nativa está ameaçada de extinção por conta da exploração madeireira e da destruição do seu habitat.

Crédito: Prefeitura de Santa Rita do Passa Quatro

Embora não haja um levantamento centralizado das árvores mais antigas do país, sabe-se que no Brasil há outras espécies de árvores com exemplares centenários, como as araucárias e imbuias. Há vários deles na Serra Gaúcha e Catarinense. Em 2018, uma dessas árvores foi alvo de crime ambiental: uma imbuia de 535 anos foi derrubada em Vargem Bonita (SC) para virar cerca. 

Outras árvores centenárias 

Crédito: Alfribeiro/iStockphoto

A idade das árvores é estimada por pesquisadores a partir da análise dos anéis de crescimento, base de uma ciência chamada dendrocronologia. Esses anéis apresentam variações de tonalidade que indicam as estações do ano: os mais claros são chamados de lenho inicial ou primaveril e os mais escuros de lenho tardio ou estival. A junção desses lenhos compõem os anéis de crescimento.

Crédito:kyoshino/Getty Images

Segundo a engenheira florestal Vanessa Costa, espécies de árvores que vivem centenas de anos têm um crescimento mais lento. Essa é uma das chaves de sua longevidade. Árvores que crescem mais rápido, ao contrário, costumam ter um ciclo de vida mais curto.

Crédito: Arquivo pessoal

A presença de árvores centenárias em um ecossistema mostra que ele tem algum nível de conservação — pra uma árvore crescer tanto, ela precisa de um ambiente propício. Em relação à importância para o ecossistema, se a gente chegar perto vai ver que há um microcosmo em volta: outras plantas crescendo e outras formas de vida como insetos, aves que fazem ninho. Elas têm uma importância muito grande pra biodiversidade

Engenheira florestal
Vanessa Costa

O desmatamento é uma ameaça crescente às árvores centenárias, não só pela derrubada desses exemplares como pela destruição de áreas que possibilitam seu desenvolvimento. O desaparecimento delas também agrava as mudanças climáticas. A engenheira florestal defende a necessidade de políticas ambientais mais efetivas e da conscientização sobre a importância dessas árvores para o ecossistema.

Desmatamento e mudança climática

Crédito: Paralaxis/Getty Images/iStockphoto

Edição: Fernanda Schimidt

Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Publicado em 21 de setembro de 2021

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