fizeram história

Maria Margarida Alves enfrentou poderosos pelos direitos dos camponeses

Por Juliana Domingos de Lima

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Em 14 de agosto de 2019, dezenas de milhares de trabalhadoras rurais de todo o país foram a Brasília para a Marcha das Margaridas, realizada a cada quatro anos desde 2000. A manifestação reivindica direitos e homenageia Maria Margarida Alves, mulher do campo e sindicalista assassinada em 1983. 

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Margarida nasceu em Alagoa Grande (PB), em 5 de agosto de 1933, caçula de uma família numerosa. Seus pais eram agricultores de origem indígena e negra. Começou a trabalhar aos 11 e viveu até os 22 anos em um sítio na zona rural, até que a família foi expulsa da terra pelo proprietário.

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Foi a partir daí que se envolveu na luta pelos direitos dos trabalhadores no campo. Nos anos 1970, tornou-se presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, exercendo o cargo por 12 anos. Foi uma das primeiras mulheres a assumirem uma direção sindical no país. 

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Em sua gestão, o sindicato moveu centenas de ações trabalhistas contra usinas de cana de açúcar da região e suas violações trabalhistas. Ela reivindicava direitos básicos para os agricultores, como carteira assinada, férias, 13º salário e jornada de oito horas.

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Da luta não fujo. É melhor morrer na luta do que morrer de fome

Líder sindicalista
Margarida Maria Alves

Margarida incentivou a participação de muitas outras mulheres do campo no sindicato e na política, espaços que eram dominados por homens. Após sua morte, a amiga Maria da Soledade Leite assumiu o sindicato.

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 Os assassinos de Margarida nunca foram condenados. Dos fazendeiros denunciados como mandantes — Aguinaldo Veloso Borges, Zito Buarque, Betâneo Carneiro e Edgar Paes de Araújo — apenas Zito Buarque foi julgado. Ele ficou preso por três meses e foi absolvido em 2001 em João Pessoa.

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A 1ª Marcha das Margaridas, em 2000, foi organizada para pressionar autoridades por justiça pela morte de Margarida. Era também uma afirmação de visibilidade e força das trabalhadoras do campo, muitas vezes vistas como meras “ajudantes” dos maridos. 

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A semente plantada por Margarida Alves é cultivada por nós todo dia. E essa semente tem germinado. Por isso, a cada marcha, mais Margaridas brotam e se juntam pra fazer a luta e semear força e coragem pra enfrentar os desafios, que não são poucos

Mazé Morais
Secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Contag, que coordena a marcha

Edição: Fernanda Schimidt

Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Publicado em 2 de outubro de 2021