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Emily Dickinson desafiou amarras da sociedade em sua vida e obra

Crédito: AppleTV+/Divulgação

Nascida em 1830, Emily Dickinson é considerada uma das maiores poetas americanas. Sua história foi retratada na série “Dickinson”, que exibiu no fim de 2021 sua terceira e última temporada. Bem distante de uma cinebiografia de época “quadradinha”, a produção da Apple TV+ vem cativando espectadores ao retratar a poeta como uma heroína protofeminista, que desafiou as restrições impostas às mulheres pela sociedade da época. 

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Emily e Sue vestem roupas masculinas para assistir a uma palestra vetada ao público feminino em episódio de 'Dickinson' 

Emily Dickinson realmente contrariou convenções de gênero. Ela nunca se casou – o que, no século 19, não era esperado de uma mulher em sua posição – e há indícios de que tenha se relacionado com mulheres, em particular com a amiga e cunhada Susan Gilbert.

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Mesmo tendo dedicado a vida à escrita de quase 1.800 poemas, Dickinson não chegou a ver publicada nem uma dúzia deles. A obra da poeta só foi descoberta após sua morte, em 1886. Naquele tempo, mulheres escritoras eram alvo de preconceito e enfrentavam dificuldades para publicar. Muitas usavam pseudônimos ou deixavam de assinar seus textos.

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Emily Dickinson fazia parte de uma família importante de Amherst, Massachusetts, nos Estados Unidos. Seu pai era advogado e chegou a ser eleito para um mandato no Congresso. Sua mãe, uma devotada dona de casa. Tinha uma irmã e um irmão.

Casa dos Dickinson abriga museu dedicado à poeta

Na escola, Dickinson se destacava em disciplinas como redação, latim e ciências (era fã de botânica e criou um herbário preservado até hoje). O restante do seu tempo era gasto com tarefas domésticas e com amigos, com quem compartilhava seus primeiros poemas. 

Crédito : Universidade de Harvard/Reprodução

Com uma linguagem franca e carregada de sentimento, sua poesia também desafiava o recato esperado das mulheres da época. Dickinson abordou temas que incluíam solidão, êxtase, morte, religião, amor e perda. 

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Nunca me senti em Casa — Cá em baixo —
E nos Aprazíveis Céus
Não me sentirei em Casa — eu sei —
Eu não gosto do Paraíso —

Emily Dickinson

A partir de seus 30 anos,  a poeta foi se tornando cada vez mais reclusa, dedicando-se integralmente à escrita. Dickinson ficou décadas sem sair de casa, em isolamento quase total. Além dos poemas, escreveu muitas cartas até o fim da vida. Assim manteve contato com parentes, amigos e mentores. Morreu aos 55 anos, de insuficiência cardíaca. 

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Os mais de mil poemas deixados por Dickinson foram descobertos postumamente por sua irmã. A primeira reunião desses textos foi publicada em 1890, e outras vieram nos anos seguintes. As edições tornaram Dickinson conhecida, mas continham alterações de pontuação e até de palavras. Uma edição completa - e fiel - dos poemas só foi publicada em 1955. 

Capa da edição dos poemas de Dickinson publicada em 1890 

Crédito: Domínio público

Por muito tempo, Dickinson foi retratada como uma “solteirona” solitária e tímida. Representações mais recentes da poeta na TV e no cinema têm conseguido libertá-la desses estereótipos, evidenciando sua sexualidade e fazendo justiça à sua vivacidade e rebeldia. 

Cena do filme 'Loucas Noites Com Emily', de 2018

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Edição: Fernanda Schimidt

Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Publicado em 12 de fevereiro de 2022