fizeram história

Canto de Maroca e suas irmãs reverberou tradição popular nordestina pelo Brasil

Por Juliana Domingos de Lima

Crédito: Fabio Pozzebom/ABr

Ligue o som quando ver este símbolo!

Por décadas, Maroca, Poroca e Indaiá cantaram cantigas e emboladas (arte nordestina, como o repente) e tocaram ganzá (um tipo de chocalho) nas ruas e feiras de sua cidade natal, Campina Grande (PB), e em outras da região. 

Crédito da imagem: Divulgação

Nascidas cegas, as três irmãs vinham de uma família de camponeses sem terra e trabalhavam na lavoura. Após a morte do pai, no fim dos anos 1950, começaram a cantar para ganhar seu sustento e de seus familiares.

Em 1998, As Irmãs Cantoras de Campina Grande protagonizaram o curta documental “A pessoa é para o que nasce”, do cineasta Roberto Berliner. Com ele, ganharam projeção nacional.

O trio de artistas populares era conhecido em Campina Grande e arredores, mas ainda não tinha o devido reconhecimento. O filme que conta sua  história foi premiado pelo Festival É Tudo Verdade em 1999 e ganhou uma versão longa-metragem lançada em 2004. 

Crédito: Reprodução 

Desde que eu era pequena que eu vivia assim, com uma bacia na mão, pedindo esmola e o ganzá cantando, pra hoje, depois de já cair na idade, eu ser estrela de cinema

Maria das Neves Barbosa (Maroca) 
Cantora 

Com a repercussão, elas fizeram diversas apresentações em palcos do Nordeste e do Brasil. Chegaram a aparecer na novela “América”, da Globo. No festival Percpan de 2000, em Salvador, foram aplaudidas por milhares de pessoas e elogiadas por músicos como Naná Vasconcelos e Otto. 

Crédito: Divulgação

Gilberto Gil, que conduziu o evento, emocionou-se com elas e fez a música “A luz e a escuridão” em sua homenagem

Crédito: Patrik Österberg/WikimediaCommons

Quem tiver seu filho deficiente visual, seja qual deficiência for, que não bote ele na calçada pra pedir. Procure um estudo pra ele, procure tratar ele com mais carinho, não procure botar ele na calçada, que é muito humilhada a vida de quem pede. Procure dar carinho a ele, que o deficiente precisa de muita coisa, precisa  de afeto e de amor

 Maria das Neves Barbosa (Maroca) 
Cantora 

Nos anos 2010, as irmãs se queixaram em entrevistas de terem sido esquecidas, deixando de receber convites para tocar pelo Brasil. Em 2016, foram homenageadas e se apresentaram no Museu de Arte Popular da Paraíba. A vencedora do BBB 21 Juliette Freire já citou o trio entre suas referências musicais.

Crédito: Reprodução/Instagram (@juliette.freire)

Poroca e Indaiá vacinadas contra a covid-19 

Maria das Neves Barbosa, a Maroca, morreu em 2017, aos 72 anos. Apesar da dificuldade de continuar sem a líder do grupo, Indaiá e Poroca seguem fazendo algumas apresentações em dupla. 

Crédito: Reprodução/Instagram

A Curadoria de Ecoa

Crédito: Fernando Moraes/UOL

As histórias e pessoas apresentadas todos os dias a você por Ecoa surgem em um processo que não se limita à prática jornalística tradicional. Além de encontros com especialistas de áreas fundamentais para a compreensão do nosso tempo, repórteres e editores têm uma troca diária de inspiração com um grupo de profissionais muito especial, todos com atuação de impacto no campo social, e que formam a nossa Curadoria. Esta reportagem, por exemplo, nasceu de uma conexão proposta por Flora Bitancourt, curadora de Ecoa. 

Edição: Fernanda Schimidt

Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Publicado em 23 de outubro de 2021