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Por mais áreas verdes! Veja como você pode ajudar a criar um parque na sua região

Por Camilla Freitas

Crédito: Getty Images

Em São Paulo, uma mobilização que durou mais de duas décadas finalmente teve um final feliz. A inauguração do Parque Augusta que aconteceu no início de novembro é considerada uma vitória de movimentos sociais, como a Rede Novos Parques, em prol de mais áreas verdes no centro da cidade.

Outra obra fruto de vários anos de luta social também está quase 100% concluída. O Parque Pedra de Xangô, em Salvador, vem ganhando forma e se consolidando como o primeiro parque na Bahia a ostentar um nome de um orixá.

Mas o que esses dois casos podem nos ensinar sobre a construção de mais áreas verdes na cidade?

Para responder essa pergunta, Ecoa conversou com dois especialistas envolvidos nas mobilizações do Parque Augusta e Parque Pedra de Xangô. A seguir você vai conhecer dicas de como se mobilizar para ajudar a criar um parque na sua região.

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A primeira coisa que você deve saber sobre a mobilização para a criação de um parque é: vai ter disputa. Disputa com o poder público, disputa com os setores de especulação imobiliária, com os próprios moradores do bairro e mais! 

Vai ter disputa!

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Nada de entrar nessa sozinho ou sozinha! Compartilhe experiências com quem já está nessa luta nem antes de você. Assim, você não corre o risco de cometer os mesmos erros e pode agilizar processos. 

Converse mais

Se preparar para essa disputa, então, envolve conhecer todos os mecanismos disponíveis para garantir que sua voz seja ouvida. Assim, conheça bem leis urbanas e ambientais do país, do seu estado e cidade para conseguir argumentar com poder público e iniciativas privadas, principalmente. 

De olho nas leis

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Vale, também, uma pesquisa sobre qual o valor da área destinada que você quer que seja destinada ao parque até mesmo para argumentar caso o poder público argumente falta de dinheiro para a construção. 

Quanto custa? 

A Rede Novos Parques criou um passo a passo de como você pode fazer uma pesquisa jurídica e econômica para viabilizar a criação de um parque. 

O espaço público é um espaço de conflito e o ‘não’ da prefeitura nunca foi uma uma limitação para que a gente avançasse. Estamos lutando por interesses coletivo, parques são espaços de vida para a população toda e, de certa forma, a gente está fazendo aquilo que o Estado deveria fazer que é zelar pelo bem comum, pelo interesse de todos e da cidade.

Urbanista e integrante da Rede Novos Parques
Augusto Aneas

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Segundo Augusto, a mobilização pelo Parque Augusta é interessante porque ela reuniu muitos grupos com ideologias e visões da cidade distintas, mas que, ao mesmo tempo, conseguiram ultrapassar essas diferenças por um objetivo comum que era a criação de um parque. Sendo assim, fica a dica!

Se unir aos diferentes

Sim, as redes sociais são de MUITA ajuda quando falamos em divulgação de causas, mas não devem ser encaradas como o fim,. São o começo de uma mobilização. O encontro presencial é essencial!

Redes sociais são o começo

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Chamar influenciadores da sua região, artistas e pessoas influentes para apoiar e divulgar sua luta para a criação de um parque pode ser importante não só para a divulgação da mobilização como para pressionar os agentes públicos.

Mas é preciso divulgação!

É principalmente no diálogo com a prefeitura ou governo do estado que acontecerá o enfrentamento com empresas privadas que também possuem interesse na região que pode se tornar um parque, isso porque muitas dessas empresas possuem relações com governos, o que nos leva a outro ponto.
 
Como a luta para construção de um parque tende a ser longa (outra dica, paciência!), não tenha receio de dialogar com diferentes partidos de ideologias variadas. 

O poder público

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Quando o diálogo com a prefeitura ou governo do estado se torna ainda mais complicado, você pode buscar outros aliados. A Rede Novos Parques, em São Paulo, encontrou no Ministério Público um parceiro. 

Mas, assim como o Parque Pedra de Xangô, também criou alianças com a academia, ou seja, universidades. O conhecimento universitário pode ser importante para a criação de estratégias, mas também para a divulgação da necessidade de criação de parques. 

Outros aliados

O que seria da Pedra de Xangô sem as conexões e as redes visíveis e invisíveis que se construíram  em torno dela?  A Pedra de Xangô  é parte forte de um tecido social e, através, das redes e conexões vem resistindo e vencendo  todas as formas de apagamento , tendo como pilares fundamentais a ancestralidade, a cidadania e  a diversidade cultural. 

Jurista e autora do livro "Pedra de Xangô: um lugar sagrado afro-brasileiro na cidade de Salvador"
Maria Alice Silva

Edição: Fernanda Schimidt

Reportagem: Camilla Freitas

Publicado em 24 de novembro de 2021