Crédito: Memorial virtual Paulo Freire

fizeram história

4 contribuições de Paulo Freire para a educação 

Por Juliana Domingos de Lima

 Com mais de 30 livros publicados, suas ideias e inovações — como a proposta de alfabetização para adultos conhecida como Método Paulo Freire — têm influência na prática pedagógica de países no mundo inteiro

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 no Recife. Formado em Direito, tornou-se educador e um dos grandes pensadores da educação.

Crédito: Arquivo Nacional/Fundo Correio da Manhã

No centenário de Freire, Ecoa conversou com um dos principais estudiosos de sua obra no país, o professor da Universidade Federal da Paraíba Afonso Scocuglia, sobre a trajetória de vida do educador e os conceitos introduzidos por ele que transformaram a educação.

Nas rodas de conversa ou “círculos de cultura” de Paulo Freire, o conhecimento é construído com a participação de todos. Contrariando a ideia de que o saber é transmitido por aquele que sabe mais, ele adotava uma metodologia em que o saber é construído na relação entre educadores e educandos. 

 1. Pedagogia dialógica

Crédito: Quarta_\iStock

O questionamento da realidade que cerca o educando e sua participação ativa no processo educacional, empenhando-se em raciocinar, investigar e debater, são os fundamentos da educação libertadora e problematizadora. Ela se opõe à educação tradicional, que Freire chama de “bancária”

2. Educação problematizadora

Crédito: Tetiana Marchenko\iStock

Freire defendia que a educação deveria levar à conscientização e à leitura crítica da realidade do educando, com o propósito de transformá-la. É a partir do processo educativo que se quebra a “cultura do silêncio” que, segundo Freire, proíbe as classes dominadas de pensar, se expressar e viver plenamente.

3. Ação cultural para a liberdade

Crédito: Quarta_/Getty Images/iStockphoto

Na pedagogia de Paulo Freire, a construção do conhecimento não desconsidera o senso comum, mas parte dele para chegar a um saber mais sólido e crítico. O cotidiano e a experiência são o ponto de partida para o aprendizado e a superação e uma visão ingênua da realidade. 

4. Respeito ao saber do educando

Crédito: Getty Images/iStockphoto

Crédito: Getty Images/iStockphoto

Paulo Freire

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão

Crédito: Slobodan Dimitrov/WikimediaCommons

Crédito: Slobodan Dimitrov/WikimediaCommons

Crédito: Slobodan Dimitrov/WikimediaCommons

Paulo Freire sempre trabalhou em equipe e em diálogo com outros pensadores. Com isso, para Afonso Scocuglia, o educador construiu uma obra aberta, que convida a ser complementada, reinventada e com aplicação em áreas diversas, da matemática à saúde. Assim, Paulo Freire se mantém atual, sendo citado e utilizado em todo o mundo. 

Outras ideias e influências

No livro “Pedagogia da esperança”, Freire aborda as críticas de feministas ao uso da palavra homem para se referir ao ser humano em uma de suas obras mais famosas,“Pedagogia do oprimido”. Ele reformulou o texto em questão e abandonou esse uso. 

Linguagem machista

Crédito: Quarta_\iStockphoto

Uma dessas críticas veio da autora americana bell hooks, que ao mesmo tempo o coloca como uma de suas referências fundamentais e faz uma aproximação entre seu pensamento e o feminismo. 

Crédito:Anthony Barboza/Getty Images

As ideias de ecopedagogia e educação ambiental que ganharam força com base em sua obra são outra conexão de Freire com um tema atual e urgente. Nos anos 1990, o educador Moacir Gadotti, inspirado em Freire, formulou a “Pedagogia da Terra”, movimento pedagógico, social e político voltado à construção de uma sociedade sustentável.

Além da escrita dos livros e da dedicação à educação popular, a trajetória de Paulo Freire inclui a prisão e o exílio na ditadura militar, com passagem por Chile, EUA e Suíça. De volta ao Brasil nos anos 80, deu aulas na PUC e na Unicamp, assessorou movimentos sociais e foi secretário de educação de São Paulo na gestão de Luiza Erundina. Morreu em 1997. 
Seu centenário vem sendo celebrado nacional e internacionalmente.

Crédito: Instituto Paulo Freire

Edição: Fernanda Schimidt

Reportagem: Juliana Domingos de Lima

Publicado em 18 de setembro de 2021