"No meu trabalho como designer e estilista, sigo a cartilha do meu mentor intelectual, o escritor Mário de Andrade (1893-1945). Numa série de relatos de viagens pelo país nos anos 1920 reunidos no livro 'O Turista Aprendiz', ele apontou a necessidade de se construir pontes entre os diferentes Brasis. É o que eu procuro fazer por meio do meu ofício: a moda.
Já fiz mais de 50 desfiles desde o início da minha carreira, em meados dos anos 90. Assumi o compromisso de servir como uma ponte entre as pequenas comunidades de artesãos e o mercado consumidor das grandes metrópoles; entre os produtos feitos à mão e a indústria; entre o Brasil rural e o urbano. Acredito que é nessa travessia que podemos imprimir uma identidade ao design brasileiro.
Faz tempo que digo que a moda precisa ir além da roupa. Nesse último desfile no São Paulo Fashion Week, 'Zuzu vive', além dos vestidos, mostrei uma mesa com produtos que desenvolvi com artesãos atingidos pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 2015. Dizem que eu ajudo essas comunidades, mas, na verdade, elas são o meu oxigênio. Então é uma via de mão dupla, em que os dois lados saem fortalecidos da parceria. "