Provavelmente, você deve se lembrar da fábula "O patinho feio", de Hans Christian Andersen. Na história, depois de se sentir muito diferente de seus irmãos por ser grande e cinza, o patinho descobre que era, na verdade, um cisne encantador. Nesse conto, vemos que a diferença em um mundo homogêneo vem acompanhada pela reprovação de quem não te vê como igual.
A leitura das obras "Olívia tem dois Papais", de Márcia Leite, "Princesa Kevin'', do francês Michaël Escoffier, e "Se Deus me chamar não vou", de Mariana Salomão Carrara, foi o pontapé inicial para esta reportagem. Todas essas obras nos fazem pensar sobre a possibilidade de ser e estar no mundo como família.
E sobre o que falam esses três livros? Um menino que gostaria de se fantasiar de princesa, uma menina que tem dois papais (Raul e Luís), uma pré-adolescente cuja mãe e o pai acabam por namorar um terceiro rapaz... Qual é o papel da literatura para adultos e crianças ao abrir novas possibilidades de olhar sobre famílias e suas composições?
Para a educadora Bel Santos Mayer, a "literatura tem uma responsabilidade bastante grande em nos possibilitar o imaginário com outros mundos e construir a sociedade que a gente deseja, e não apenas reforçar os estereótipos e preconceitos existentes".
Ela defende que, da mesma maneira de outras linguagens artísticas como o cinema e o teatro, a literatura pode ser uma oportunidade de experimentar o que é novo.