Numa escola da área rural de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó (PA), as manhãs começam sempre com o mesmo desafio: não há banheiro adequado. As crianças dividem uma fossa improvisada, sem porta nem pia, e a água para beber é turva, retirada de um poço raso.
Com 10 anos, Matheus já perdeu várias semanas de aula por causa de diarreia. As crises começaram depois de beber água na escola. Outros colegas vivem situação parecida, com dores de barriga, vômitos e mal-estar frequentes. Regina dos Anjos, mãe do aluno, conta que não é raro metade da turma pedir para ir embora mais cedo porque não se sente bem.
Para as meninas mais velhas, a falta de privacidade pesa ainda mais. Elas geralmente deixam de frequentar as aulas durante o período menstrual. "Nossas alunas acabam perdendo o vínculo com a sala e, quando voltam, já estão desmotivadas", relata uma professora do município. "Situações assim são comuns aqui na cidade e nas comunidades vizinhas".


