Criado em 1999 na primeira onda da responsabilidade social corporativa, o Instituto Coca-Cola Brasil começou com parcerias de programas de educação e, posteriormente, meio ambiente. Uma ferramenta para unificar e tornar mais eficiente a estratégia de investimento social privado das empresas do Sistema Coca-Cola Brasil.
A partir de 2009, no entanto, na esteira da ascensão da nova classe média brasileira e de uma evolução do papel das empresas na responsabilidade social, o ICCB muda de estratégia. Já como OSCIP, ganha papel de entidade responsável pelo desenvolvimento de tecnologias sociais capazes de repetir nesse âmbito o impacto que a Coca-Cola tem no mundo dos negócios.
O Coletivo Jovem, programa de empregabilidade do Instituto do qual Stefany faz parte, é um marco nessa jornada do que Daniela define como "escala qualificada" do ICCB. "Um projeto assim não poderia ser pequeno. Teria que se retroalimentar e ter conexão com o negócio. Para aprender o que é e como fazer escala no mundo social, essa escala qualificada que buscamos, precisávamos desenvolver a expertise social para uma ação com essas características", explica Daniela, que, na época, já estava à frente da empreitada. O ICCB, então, tornou-se essa entidade. Ampliou em mais de 20 vezes seu quadro de funcionários, passou a criar programas autorais e a produzir conhecimento open source na área.
O Coletivo Jovem foi o primeiro programa do tipo da Coca-Cola em todo o mundo. É um case da empresa. Nas outras Cocas, fundação de impacto social é uma coisa, negócio é negócio. Nesse sentido, somos pioneiros
diz Daniela
Hoje, o ICCB atua em duas grandes causas diretamente alinhadas à cadeia de valor do Sistema Coca-Cola Brasil: empregabilidade de jovens e acesso à água. Para isso, tem dois programas principais. Um deles é o Coletivo Jovem, que completa dez anos inspirando e empoderando jovens de comunidades urbanas de baixa renda por meio da capacitação, desenvolvimento profissional e conexão com oportunidades reais de emprego.
O segundo é a Aliança Água + Acesso, lançada em 2017 em um modelo inovador, fruto de um desenvolvimento de tecnologias e conhecimento social do Instituto. Com sua experiência em projetos sociais em larga escala e diante de dados como o fato de que metade dos projetos de água e saneamento na América Latina fracassam em até cinco anos após sua implantação por não contarem com modelos para sua viabilidade e continuidade, o ICCB criou um modelo para evitar problemas conhecidos e buscar soluções inéditas. Era evidente que agir de forma isolada teria um impacto limitado e insuficiente.
Foi criada então uma aliança intersetorial em que o ICCB abriu mão de ter um programa autoral para garantir que ele seja viável mesmo na eventual falta de um dos elos (inclusive do próprio ICCB). "Hoje, entendemos que junto a gente faz melhor e maior, há um trabalho visando a solução dos problemas, e não só para ter o próprio programa", diz Daniela.