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Opinião

A força da natureza: crianças e a transformação pela educação ambiental

Paralelo à reforma do veleiro Aysso, tenho aproveitado este período em Santa Catarina para conhecer iniciativas inspiradoras de Educação Ambiental. Em cidades como Bombinhas, Florianópolis e São José, a Cultura Oceânica já se destaca nos programas das chamadas escolas do mar, que incluem aulas práticas no litoral e aproximam os estudantes do oceano no seu cotidiano.

Entre as experiências mais marcantes, destaco minha visita recente à Escola Ervino Venturi, em Gaspar. Referência em educação ambiental, foi a primeira instituição da cidade a conquistar o selo Lixo Zero - resultado de um processo iniciado em 2023, quando a diretora Ida Luciani Scottini lançou o projeto "LIXO no lixo, Ervino no capricho". No ano seguinte, a escola alcançou a certificação.

Em conversa com a diretora, fiquei feliz em saber que a iniciativa não apenas reduziu resíduos, mas também impactou positivamente o desempenho acadêmico. O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) da escola subiu de 6,9 para 7,22, ultrapassando inclusive a média estadual.

Mais do que números, porém, emociona ver o entusiasmo das crianças e jovens. Curiosos, participativos e engajados, eles são vozes potentes que renovam a esperança em um futuro melhor.

Em momentos como esse, me lembro de Kat.

Aos 45 anos, já com três filhos crescidos e independentes, fui surpreendido com a chegada de mais uma filha. Kat entrou em nossas vidas trazendo alegria, energia e uma visão especial do mundo.

Filha biológica dos nossos amigos Robert, neozelandês, e Jeanne, brasileira do Amazonas, Kat tornou-se uma Schurmann aos 3 anos de idade. Entre os 5 e 8 anos, integrou a tripulação da Magalhães Global Adventure, navegando ao redor do mundo e conhecendo 19 países.

Kat foi uma tripulante muito especial que navegou conosco pelos oceanos da Terra - e, agora, também navega no Céu.

Kat tinha um olhar encantado sobre a vida. Conversava comigo sobre as jornadas visíveis e aquelas que não enxergamos. Na Patagônia, por exemplo, despertava cedo, mesmo no frio abaixo de zero. Às quatro da manhã, já estava batendo nas portas das cabines: "Vamos, turma! Vamos para a aventura!". Mochila nas costas, sua cadeirinha (que até tinha uma cobertura para proteção da chuva) e estava pronta para partir animada e explorar o desconhecido.

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Lembro da travessia na geleira Pio XI: enormes torres de gelo de mais de 30 metros nos faziam parecer formiguinhas, entre pedras escuras com o branco do gelo refletindo e um céu azul anil. Com aquele sorriso, Kat dizia: "Dad, que coisa linda! Como é bonita a natureza"!

Apaixonada pelo mar e pelos animais, tornou-se uma verdadeira defensora da natureza. Deixou para nós uma lição de vida, de alegria contagiante, de vontade de viver e de superação.

Por Kat - e por todas as crianças e jovens do mundo - seguimos incentivando a Educação Ambiental. Na Casa Vozes do Oceano, daremos destaque a ações como as que temos visto em Santa Catarina, espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.

A COP30 será oceânica, dedicada a construir um futuro melhor. Um futuro que nasce com educação e com o entusiasmo desses pequenos ambientalistas que, como Kat, reconhecem a beleza da natureza, escutam e emprestam suas vozes aos oceanos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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