Álbum de figurinhas educa sobre urgências climáticas

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No campo, o Remo venceu o Paysandu por 3 a 2 e levou uma grande vantagem para o jogo de volta da final do Parazão, no próximo domingo, 11. Fora dele, o golaço é do Observatório do Clima e o seu Central da COP, uma campanha que pega emprestada a linguagem do futebol para fazer a conversa mais importante do nosso tempo. Ações aconteceram antes e durante a partida. Uma aula de sensibilidade e comunicação.
Funcionou assim. Colocaram estandes com as cores de cada time em todas as entradas, com uma dezena de especialistas explicando sobre aquecimento global, a conferência do clima, que acontece agora em novembro, ali mesmo, em Belém. O que mais as pessoas tinham de dúvidas foi respondido. E não foram poucas.
O grande lance é que os assuntos não foram contados tecnicamente, numa linguagem complexa para pessoas leigas feito nós, mas a partir do universo do futebol, que todo mundo ali naquela noite entendia. E se identifica. Usando as suas analogias, a sua estética, os seus símbolos. No site do projeto, você chega a esquecer que não encontrará uma notícia do Brasileirão, de tão igual que está ao jeito de falar de futebol. Até uma Bet climática existe por lá. E ainda tem o álbum de figurinhas da Central da COP 30, distribuído na entrada do estádio, que eu achei genial.

Sai a figurinha de Vinicius Junior, entra a de Margarida Alves. Sai a outra com o escudo da Seleção Brasileira de Futebol, entra a do Amigos da Terra. E por aí vai. Quem parou para conversar com as pessoas da campanha aprendeu que, no jogo do clima, ou ganhamos todo mundo ou daqui a pouco nem vai existir mais partida. Dependerá das decisões que forem tomadas na própria Belém, no fim do ano. É aquilo: não existe uma Terra B.
Joana Amaral, coordenadora de engajamento do Observatório do Clima, resume bem a importância de movimentar essa conversa em todos os contextos da sociedade. Porque é isso, ela importa muito, e preocupa ainda mais, a todas as pessoas, sem distinção. "Os efeitos das mudanças do clima afetam todos, indistintamente, no campo ou na cidade, seja pelo calor, pela seca, pelo excesso de chuva ou pela falta dela. Nada melhor, portanto, do que usar um palco querido dos brasileiros para falar sobre esse tema: um estádio de futebol."
Ricardo Gluck Paul, presidente da Federação Paraense de Futebol - FPF, parceira da ação, também é certeiro quando diz que, "afinal de contas, até o futebol depende da estabilidade do clima." Depende mesmo. Para a Copa do Mundo 2026, a Fifa já cogita mexer nos horários das partidas, preocupada com o calor extremo. Clima não é mais um assunto do futuro.
Se o tempo livre é pouco e boa parte dele ainda está entregue para as redes sociais, como é que se mobiliza corações e mentes já exaustos com tantos estímulos, numa correria sem fim para salvar o hoje? Para mim, essa é a grande jogada da Central da COP: a conversa precisa atravessar a rua e cruzar o caminho de quem passa. Não adianta ficar na outra calçada, pedindo atenção. É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, a gente corre para onde conhece.
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