Somos aquelas e aqueles por quem esperamos
Existem coisas que a gente lê por aí que nos economizam dois anos e meio de conversas e tardes e mais tardes pensando o mundo. Feito essa frase que eu achei em um dos livros da Angela Davis, eu não lembro bem qual: precisamos desmistificar a noção de que a história é produto de indivíduos excepcionais.
Repara bem no que isso quer dizer de maneira prática, você que me lê: não podemos perder do nosso horizonte que somos aqueles e aquelas por quem sempre esperamos. E que o mundo não é, ele está sendo, como já disse uma vez o poeta.
Nunca deu certo ao longo da história entregar destino e esperança na mão de lideranças que mal sabiam liderar a si mesmas e a seus próprios sentimentos. E não seria agora que isso funcionaria, não sei se você concorda.
Pessoas assim, geralmente, nos arrastam para um mundo paralelo, o mundo dela, em que só cabe aquilo que acredita e quer, ao invés de negociar uma metade do caminho que acolha todos os diferentes que nós somos. Chance disso dar certo no médio prazo: zero.
Chegam lá assim: primeiro constroem um culto em torno de si, dizem que os contraditórios são sempre os outros, que o que se tem é uma cruzada entre o bem e o mal, sendo ela, evidentemente, o bem. Depois vem o pedido para falar em nome de milhões. Ainda mais que isso, estou pensando enquanto escrevo: o pedido para emular uma multidão de outros, tão diversos. O que explica este passo: sou um predestinado, não enxergam?
Daí voltamos ao começo de toda essa conversa: o mundo não é fruto da construção de meia dúzia de pessoas excepcionais. Tem elas, como tem o Seu Antônio, de 87 anos, morador da última rua da minha querida Caicó, a mesma importância para mover o mundo para o futuro que a gente merece.
O Gilberto Gil, sempre ele, disse outro dia em um Conversa com o Bial que todas as vidas têm o mesmo valor. Eu nem tenho roupa pra isso, mas ouso aqui completar essa meditação tão bonita, mestre: todas as vidas lideram um pouco o mundo.
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