Quer pagar quanto?
Não sei se já comentei aqui no blog alguma vez, mas tenho uma empresa chamada Colibri. Nós promovemos de uma cultura de empatia, comunicação consciente e colaboração como caminho para relações mais saudáveis no ambiente pessoal e profissional. Entregamos nosso propósito a partir da oferta de cursos e vivência, e da venda de produtos.
Tô te contando sobre a Colibri porque hoje venho falar sobre outros caminhos possíveis de existir enquanto empresa. E por eu enxergar o empreender não apenas como uma forma de ter sustentabilidade financeira, mas também uma forma de contar e viver um mundo a partir dos valores que acredito, sempre busco seguir um mantra: "Faça aquilo que fala. Fale sobre aquilo que faz."
Na última semana decidimos parar de fazer promoções e oferecer descontos para nosso público adquirir nossos produtos e serviços. Decidimos implementar uma política de preços baseada na transparência e confiança de que o cliente escolha um preço a pagar condizente com sua realidade atual. Abaixo, a transcrição dessa política de preços:
Para nós, o ideal é que cada cliente pague o preço integral de nossos produtos e serviços, que é definido de forma a garantir nossa sustentabilidade financeira, bem como doações de produtos e ofertas de atividades não remuneradas para instituições sociais e escolas públicas.
Ao mesmo tempo, sabemos que nem todos têm condições de pagar o preço integral. Por isso, decidimos abrir mão da lógica de negociar descontos e propomos que você faça um exercício para definir o preço que cuide de você e da Colibri. Acreditamos que fará uma escolha consciente levando em consideração condição financeira atual, benefícios que o produto lhe trará a curto, médio e longo prazo, dentre outros fatores que julgar relevantes.
Escolha um valor entre o preço mínimo, referente ao maior desconto que podemos oferecer, e o preço integral. É possível também escolher um valor acima do preço integral, se você se interessar em contribuir ainda mais para o trabalho que fazemos.
Foi uma decisão difícil, acompanhada de muitos medos. Aliás, os medos persistem. E seguimos descobrindo como lidar com eles. Dois deles são os principais:
Medo de que, a partir de agora, as pessoas comecem a pagar o menor preço possível, mesmo quando sua situação financeira lhe permitiria pagar um valor integral.
Medo de clientes não compreenderem nossa proposta e deixarem de comprar por acharem isso algo insano e estúpido, ou preferirem que a gente defina o quanto devem pagar.
Ao mesmo tempo que os medos estão presentes, a esperança começa a raiar a partir do feedback positivo que recebemos e das compras que estão sendo realizadas desde a última semana. Algumas compras foram feitas pelo preço mínimo que definimos. Outras pelo preço integral. Outras ainda foram num preço entre o mínimo e integral. Ah, e já ia me esquecendo: até rolaram compras com um valor ligeiramente acima do integral.
Aliás, esse é só o primeiro passo. Temos uma política de nunca aumentar os preços. Apenas reduzi-los.
Então, à medida que a gente consegue ter uma variedade maior de produtos e uma maior constância nas vendas mensais, a tendência é que comecemos a reduzir ainda mais os preços mínimos, de forma a tornar os produtos acessíveis a mais pessoas, de diferentes faixas de renda.
Esse caminho que escolhemos trilhar se estrutura numa visão que leva em consideração não apenas preço e valor agregado do produto, mas também coloca em pauta questões de justiça social e privilégio. Longe de ser o caminho mais certo, é tão somente um novo caminho. Conectado com valores que acreditamos para uma sociedade mais justa e inclusiva.
Deixando nas mãos do cliente a decisão de escolher o quanto pode pagar, segundo sua realidade atual, confiamos que aqueles que podem pagar um valor mais próximo do integral o farão, ao invés de se valer dessa abertura para pagar o menor preço possível. Enquanto pessoas que têm muita vontade de acessar nossos produtos e serviços, e outrora o preço seria um impedimento, terão possibilidade de pagar preços menores.
E se em algum momento passar pela sua cabeça sobre "essa galera tá querendo ganhar muito dinheiro e tá se lixando pra sociedade", saiba que não temos premissa de acúmulos infinitos de dinheiros em nossas contas bancárias não. Sigo achando que não deveriam existir bilionários no mundo. E que toda abundância precisa ser transbordada para a sociedade. Então, quanto mais próspera a Colibri se torna, mais investimentos seguiremos fazendo na construção de uma sociedade mais acolhedora e equânime.
Sabemos que somos um mero Colibri nesse mundo gigantão, de vez em sempre dominado por tubarões.
Mas... Colibris... têm a polinização como uma das essências de seu existir. Aliás, é como nos descrevemos: Polinizadores de Mudanças.
Seguimos polinizando. Um pouquinho aqui, um pouquinho ali. Em sintonia com tantas outras pessoas e organizações vivendo e contando um mundo mais acolhedor e inclusivo.
Vai que um dia a moda pega.
Você pode conhecer mais sobre a Colibri, clicando aqui.
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