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Rodrigo Hübner Mendes

Atleta com síndrome de Down completa Ironman

20/11/2020 04h00

Na semana passada, o triatleta norte-americano Chris Nikic completou a prova do Ironman - competição que inclui 3,86 mil metros de natação, 180 quilômetros de bicicleta e mais uma maratona, 42,2 quilômetros de corrida -, o que o levou ao Guinness Book of Records. Não pelo seu tempo na prova (que foi de 16 horas, 46 minutos e 9 segundos), mas pelo impacto subjacente a sua narrativa.

Nikic foi o primeiro atleta com síndrome de Down a completar essa prova na história. Além de nos atentarmos à poderosa mensagem de desconstrução de preconceitos implícita a esse fato, vale a pena entendermos os fatores que tornaram viável a Chris deixar sua marca no Guinness. Em primeiro lugar, ele tem uma vida absolutamente integrada à de seus companheiros no esporte, com quem convive intensamente dentro e fora dos treinos. O segundo ponto a mencionar é que ele exerce uma atividade profissional regular, está incluído no mercado de trabalho, o que lhe propicia autonomia e dignidade. Por fim, Nikic desenvolveu a virtude de estabelecer objetivos claros para sua vida e se concentrar ao máximo em atingi-los. "Agora é hora de definir outro maior para 2021. Seja qual for, a estratégia é a mesma: 1% melhor a cada dia", descreve ele.

Para 2022, ele já tem seu plano traçado: vai disputar a Special Olympics, uma competição internacional que inclui pessoas com deficiência intelectual, iniciada em 1968 por iniciativa da filantropa Eunice Kennedy Shriver, irmã do ex-presidente John F. Kennedy, e que hoje já tem representação em diversos países, inclusive no Brasil

O pai de Nikic declarou aos jornalistas: "O empenho de Chris deu a ele um mundo inteiro de inclusão". Eu acrescentaria que a inclusão oferece ao mundo a oportunidade de eliminarmos abismos, construirmos pontes e avançarmos como civilização.