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Rodrigo Hübner Mendes

Uma amiga, duas boas notícias

29/05/2020 04h00

"Sou muito grata à minha equipe", comentou minha amiga Mara Gabrilli quando conversávamos sobre sua recuperação da Covid-19. Após ter sido informada do teste positivo, Mara permaneceu em sua casa e apresentou sintomas leves, como perda do olfato e algumas contrações musculares. Durante os 12 dias de isolamento que haviam passado até nossa conversa, sua equipe de apoio (cuidadoras e fisioterapeutas) seguiu trabalhando, mantendo as medidas de proteção recomendadas.

Mara logo se lembrou de sua atividade parlamentar e comentou a respeito de dois projetos de lei que apresentou à Câmara Federal sobre o assunto. Um se refere exatamente à viabilização do trabalho dos profissionais que, como aqueles de sua equipe, acompanham pessoas que demandam serviços de apoio em virtude de questões de idade, saúde etc. Outro explicita na legislação o veto a qualquer procedimento que vise a preterir pessoas em espera de tratamento ambulatorial ou hospitalar em função de eventuais condições de vulnerabilidade. Em resumo, um veto cabal a furar filas em nome daquelas formas de eugenia que explorei há duas semanas.

Esse esforço da senadora deve nos ajudar a lembrar que a construção de uma sociedade inclusiva pressupõe, em certos casos, a adoção de medidas específicas para que a igualdade seja promovida. Trata-se da aplicação do princípio aristotélico, enunciado há mais de dois mil anos, que determina "tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade" - mais tarde retomado por aqui por Rui Barbosa, em um famoso discurso proferido na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Na ocasião, o jurista completava: "Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade".

Feliz pela recuperação da minha amiga, otimista pelas contribuições a serem geradas por seus projetos de lei. Mais do que nunca, boas notícias merecem ser reverberadas.