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Noah Scheffel

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Você nem parece autista!

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Imagem: iStock

20/06/2022 10h31

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No último sábado (18) foi Dia do Orgulho Autista. Talvez você nem tivesse conhecimento dessa data, não é?

Com tantas questões que ocorreram nestes últimos dias em nosso país, mesmo se você soubesse, e tivesse esquecido, eu iria entender. Inclusive, nem seria sobre esta data que eu escreveria aqui hoje, mas sim sobre as barbáries que continuamos a ver acontecer à nossa volta. É bom que eu tenha colegas colunistas incríveis que falaram sobre, melhor do que eu falaria, então confere as demais colunas de Ecoa essa semana, pois muito está sendo dito e precisa ser compreendido.

Mas, voltando à data da qual me propus a escrever aqui para vocês, e que muitas vezes não conhecemos, é esta, onde as pessoas autistas celebram o orgulho que possuem de serem quem são.

E falando sobre esse desconhecimento, quantas vezes você não pensou, ou até mesmo disse, a seguinte frase: "nem parece autista"?

Quantas vezes as pessoas não se levam pelo desconhecimento sobre o assunto, para reproduzir falas problemáticas. Esse dia vai direto contra o desconhecimento do que é "parecer alguma coisa", pois significa que não existe esse "se parecer com algo".

Cada pessoa é diferente!

Cabe a nós sairmos do desconhecido e entendermos que "nem parece tal coisa" passa longe de ser um elogio. Muito pelo contrário.

O Dia do Orgulho Autista é sobre este orgulho de não se parecer com nada que você imaginou. O autismo é um espectro. Isso quer dizer que nem todas as pessoas autistas apresentam as mesmas características, já que ele se manifesta de diversas formas.

Então eu resolvi trazer conhecimento para que você entenda um pouco mais sobre o assunto, e lembre-se sempre que você também é agente do próprio aprendizado e pode buscar informações sobre qualquer assunto que desconheça!

Aqui, além dessa frase que você deve parar de pensar e dizer, mais algumas dicas para você ser uma pessoa que entende melhor o autismo e como pode ser uma pessoa que não propaga desconhecimento e preconceito!

- O capacitismo, que é o preconceito que temos com pessoas com deficiência e/ou neuroatípicas, faz com que muita gente acredite que aquela pessoa não vai conseguir realizar determinada atividade por sua condição. Não seja essa pessoa! As pessoas que precisarem de alguma ajuda ou adaptação para realizar uma tarefa, vão te comunicar. Então jamais presuma que uma pessoa não consegue algo;

- Ainda super conectado com o que eu disse acima, se você quer demonstrar disponibilidade, pergunte se a pessoa precisa de alguma adaptabilidade ou acessibilidade. Nunca diga que aquela pessoa tem uma "necessidade especial", até porque, todas as pessoas têm necessidades especiais. Garanto que você consegue pensar em uma que você tem, agora mesmo, como por exemplo, sempre comer uma sobremesa quando vai àquele restaurante. "Acessibilidade" é a palavra. Usa sem medo;

- Falando agora sobre "medo", é super compreensivo que tenhamos medo daquilo que não conhecemos. O ser humano é assim. Então, ao invés de se afastar de pessoas com características (marcadores sociais) ou condições que você "não sabe lidar", busque informação até sentir segurança suficiente para não isolar uma pessoa só porque você tem medo de errar;

- Desconstrua completamente a ideia que você tem sobre como é uma pessoa autista. Eu sei que em frações de segundos você já até imaginou como é essa pessoa, e como ela age ou deixa de agir. Essa ideia errada que fazemos das pessoas é preconceito causado justamente pelo desconhecimento. Sim, existem pessoas com determinadas características que você imaginou, mas com interesses completamente diferentes dos que você imaginou, e vice-versa, ou então, nada nem próximo disso.

Existem diversas formas de você entender melhor tudo aquilo que não conhece. Basta que você seja essa pessoa que vai atrás da informação correta, e age em prol de disseminar somente aquilo que você já sabe que está certo e que não vai ferir ninguém. Inclusive, seja a pessoa que sabe sobre o assunto e que vai impedir que outras pessoas disseminem informações incorretas baseadas nesse desconhecido. Precisamos de mais pessoas assim!

Inclusive, já pensou que seria bacana se você se propusesse a buscar, toda semana, um novo conhecimento sobre recortes sociais que convivem conosco? O quanto você aprenderia! E quem sabe no nosso encontro aqui na próxima coluna, você ainda pudesse me complementar?