Topo

Noah Scheffel

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Você considera a inclusão de pessoas 50+ quando fala em diversidade?

iStock
Imagem: iStock

21/02/2022 06h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida geral da população no país chegou a 76 anos em 2018. Reforçando a importância de olharmos para esse recorte da sociedade, estudos ainda projetam que, pela diminuição de nascimentos nos últimos anos, até 2030 teremos mais idosos do que crianças. Se pararmos pra pensar, quantos de nós não estaremos fazendo parte desse grupo até lá?

Com essa preocupação no radar, muitas empresas têm falado sobre como incluir pessoas 50+ em ambientes que parecem mais atrativos aos jovens, ou como criar programas de desenvolvimento para essas pessoas em profissões do futuro. Também é preciso entender que muitas delas, continuando ativas em suas vidas, podem desejar uma migração de carreira e o mercado poderia perder um talento se não estivesse preparado para acolhê-la.

Mas na prática o que ainda vemos são diversos episódios de etarismo (ou ageísmo, mais próximo do termo em inglês) no mundo corporativo, que é o preconceito contra pessoas mais velhas a partir de ideias errôneas como a de que elas não sabem usar tecnologia, não acompanhariam o tempo da organização ou não seriam produtivas. Todas essas formas de pensar configuram o ageísmo. E ele se reflete, muitas vezes, nos processos seletivos, que barram as pessoas mais velhas com a desculpa de que elas não têm o perfil buscado.

Porém, em breve, essas pessoas serão o perfil, quer você admita agora, ou não. E agora é a hora de você começar a pensar em como incluí-las nestes ambientes dinâmicos e de contínua mudança. Até porque uma equipe com diversidade etária, junto de outros marcadores sociais, possui os mesmos indicadores de sucesso de quando falamos de equipes diversas no geral: colaboração, inovação, diferentes pontos de vista, novas soluções. Quanto mais recortes diversos fizerem parte dos times, mais vantagem competitiva a organização terá quando se olha para os produtos e serviços que estão sendo entregues à sociedade.

Então deixe os estereótipos com relação às pessoas 50+ para lá, e primeiramente comece a deixar que elas entrem em sua organização, sem barrá-las porque você acha que elas não se adaptariam à cultura. Contrate, promova ações de inclusão como mentorias reversas, times mistos, políticas de saúde que compreendam os desafios das pessoas mais velhas. Ao invés de gastar tempo argumentando que elas não se encaixam no seu negócio nesta era digital, crie programas de desenvolvimento para que tenham a oportunidade de se destacar neste novo mundo também.

Se estamos falando de diversidade, estamos falando de todas as pessoas que fazem parte da sociedade. Quando existem ações que fomentam a exclusão de pessoas de qualquer recorte no mercado de trabalho, todos saem perdendo. Se formos pensar que precisamos nos preocupar com a inclusão de pessoas 50+ somente no futuro, quando não tivermos mais profissionais jovens para ocupar os cargos nas nossas empresas, já pode ser tarde demais. Afinal, todos os dias damos início a um novo futuro, e enquanto você achar que o tempo está passando somente para essas pessoas, reflita que o tempo também está passando para sua organização. Nesse caso, você concordaria que a sua organização não seria mais útil ao mercado porque ela envelheceu?