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Milo Araújo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

3 perguntas para te fazer pensar sobre musculação e andar de bike

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Imagem: iStock

Milo Araújo

16/07/2022 06h00

Sempre que pedalamos, focamos muito nas nossas pernas. Claro, faz todo sentido pensando na mecânica que faz com que a bicicleta se mova. Porém, não só de pernas se faz uma pedalada.

Me lembro da primeira vez que desci a Av. Rebouças, em São Paulo (SP). Estava tudo tranquilo da cintura para baixo, mas meus braços estavam me matando. Eu não tinha musculatura trabalhada para aguentar o peso da inclinação invertida. Depois de algumas situações parecidas, decidi entrar na academia para fortalecer o corpo todo, não somente as pernas.

Agora, resgatando uma coisa que sempre falo por aqui, é como a bicicleta nos faz conhecer pessoas legais. Umas das pessoas que conheci é a Raquel Bressani. Raquel além de empreendedora do ramo de cosméticos naturais, também é aluna de Educação Física na USP. Trocamos algumas ideias sobre como a musculação ajuda no ciclismo em geral e vou trazer aqui 3 perguntas que eu fiz para Raquel. Se liguem:

Milo: Musculação ajuda na manutenção da nossa noção de equilíbrio?

Raquel: Quando o assunto é treinamento resistido, é notável a melhora da consciência corporal dos indivíduos que o praticam. Ao aprimorar nossa propriocepção, ou seja, nossa percepção de nós mesmos e de onde nos encontramos no espaço, há um aprimoramento considerável da estabilidade e principalmente: da coordenação neuromuscular. Além disso, há ainda um fortalecimento da musculatura que auxilia, por exemplo, na estabilização das articulações.

Milo: Quando pensamos em bicicleta e força logo pensamos em pernas. Relacionando a musculação com a prática da bike, quais outros grupos de músculos é legal a gente dar uma atenção além das pernas?

Raquel: É interessante dar uma atenção especial pro CORE, que nada mais é que o centro do nosso corpo, o conjunto de músculos que constituem o abdômen, a lombar, o quadril e a pelve. O fortalecimento dessas musculaturas permitirá uma melhoria da estabilidade e da postura, o que é muito importante no pedal, já que o ciclista, por vezes, passa longos períodos de tempo sentado no selim.

Além disso, ao trabalhar bem o core, conseguimos transferir mais potência (força aliada à velocidade) nos movimentos. Isso ajuda muito a manter a cadência adequada/desejada no pedal. E claro, importantíssimo: diminui o risco de lesões. Quando exercitamos esse conjunto de músculos da maneira correta, eles possuem um papel fundamental em proteger nossa coluna, por exemplo.

Milo: Qual a diferença entre um treino focado para quem quer subir ladeiras com mais tranquilidade e um treino para quem quer pedalar distâncias longas?

Raquel: Treinos mais focados em resistência muscular são muito bem-vindos para ciclistas que vão passar longas distâncias no selim. Já numa situação de subidas íngremes e não tão longas, por exemplo, um diferencial é trabalhar com treinos de força, visto que essa é uma situação que demanda explosão por parte do ciclista. Mas é claro, cada indivíduo tem suas especificidades e objetivos individuais. É sempre indicado procurar um profissional de Educação Física que esteja à par dessa área para melhor auxiliar o aluno, afim de obter os melhores resultados com o maior nível de segurança possível.

Lembrando que essas são informações gerais. Sempre defina antes o seu objetivo antes de começar seu treino. É bacana também consultar um médico pra ver se está tudo bem com seu corpinho antes de começar, para evitar lesões.