Inclusão: startup usa IA para desenvolver teclado controlado pela mente

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Contando assim até parece filme futurista de ficção científica: um teclado de computador ou celular que pode ser digitado pela mente. Por meio de nanotecnologias, este teclado consegue "ler" os comandos cerebrais e assim escreve a mensagem desejada. Este é o sistema chamado Prometheus BCI, uma nova interface multimodal entre humanos e máquinas, impulsionada por Inteligência Artificial (IA) que está em desenvolvimento pela parceria entre a Allianz Trade e a Inclusive Brains.
O sistema foi desenhado para a inclusão de pessoas com deficiência e que não têm acesso ao mundo digital. A tecnologia, que já existia para outras funções, foi demonstrada publicamente no ano passado, durante o revezamento da tocha olímpica, quando duas pessoas com deficiências motoras e cognitivas usaram o sistema para controlar mentalmente um exoesqueleto de braço, permitindo-lhes assim segurar a tocha. A partir de então as duas empresas passaram a se dedicar a uma ferramenta específica: o teclado controlado pela mente.
"Não estamos extraindo pensamentos direto do cérebro das pessoas. A interface é treinada com ondas cerebrais, movimentos e expressões faciais, movimentos oculares e uma variedade de outros sinais fisiológicos. O desafio científico e tecnológico está em interpretar todos esses sinais juntos e convertê-los em comandos digitais", explica Olivier Oullier, neurocientista francês, CEO e cofundador da Inclusive Brains e presidente do Instituto de IA da Biotech Dental Group.
Segundo Oullier, não existe leitura da mente e sim compreensão da intenção por meio de uma gama diversificada de biosinais. O chamado
"teclado controlado pela mente" que está sendo desenvolvido é baseado em uma combinação de ondas cerebrais e movimentos faciais que a IA transforma em comandos. Estes comandos são enviados para um computador, permitindo que o usuário selecione letras, seja auxiliado pelo preenchimento automático inteligente de palavras, corrija erros de digitação e envie mensagens.
"A solução não é invasiva. Nossa abordagem ignora a necessidade de implantes. Estamos usando sensores que são aplicados no couro cabeludo ou na pele junto com uma webcam comum e um relógio inteligente. O sistema pode, portanto, ser facilmente configurado e removido fora dos ambientes médicos tradicionais", esclarece o cientista.
A tecnologia do Prometheus BCI foi inspirada por um brasileiro, o professor e pesquisador Rodrigo Hübner Mendes, que perdeu a mobilidade do ombro para baixo após ser baleado na coluna em um assalto. Oliver Oullier e Hübner ficaram amigos após uma reunião na Casa Branca em que foram reconhecidos como Jovens Líderes Globais pelo Fórum Econômico Mundial. Rodrigo compartilhou com Oullier seu desejo de uma solução controlada pela mente e foi a partir de então que os cientistas passaram a trabalhar no Prometheus.
Por enquanto o sistema Prometheus BCI ainda não está sendo comercializado - ele está em fase de demonstrações. Após o revezamento da tocha olímpica controlado pela mente, a tecnologia foi levada para uma cúpula de IA nas Nações Unidas, onde um tweet foi redigido e enviado sem comandos físicos ou vocais ao presidente francês Emmanuel Macron - que gentilmente respondeu com uma
mensagem de felicitações. Em fevereiro deste ano, as empresas levaram o sistema ao Parlamento francês, onde uma emenda defendendo um investimento de 100 bilhões de euros em IA foi apresentada, ao vivo, também sem interações físicas com teclado, mouse ou tela, e sem comandos de voz.
O foco da Allianz Trade e da Inclusive Brains é expandir o impacto dessa inovação, beneficiando não apenas as pessoas com deficiência, mas toda a sociedade. Por esse motivo, as empresas garantem que o código do algoritmo do Prometheus BCI será em breve disponibilizado para todos. "Nosso compromisso é fazer o algoritmo Prometheus BCI em código aberto, convidando a colaboração e permitindo que o maior número possível de pessoas se junte a nós para alavancar a IA a fim de criar um mundo mais inclusivo", afirma Oullier.
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